A volta dos G.I. Joes empolga em grandes cenas e ação

A sequência de abertura de “G.I. Joe: Retaliação” já funciona como uma espécie de carta de intenções, especialmente porque, narrativamente, ela não tem função alguma no filme. A cena envolve uma extração, uma retirada de um dissidente da Coreia do Norte. Para isso é necessário uma intervanção dos Joes. Roadblock, o segundo em comando interpretado por Dwayne Johnson, faz um buraco na cerca com uma luva que derrete o arame. O atirador posicionado cria uma distração ao acertar uma xícara nas mãos de um soldado coreano. Antes da missão terminar, Flint – papel de D.J. Corona – troca a bandeira coreana por uma dos Joes, para marcar território. Quando Roadblock vê isso ele diz “filho da…” e corta rapidamente para o título do filme antes que ele tenha a chance de emitir um palavrão.

O que o diretor, Jon Chu, vindo de “Never Say Never”, a biografia de Justin Bieber, quis com essa cena era mostrar que os Joes usam tecnologia de ponta e são perfeitamente afiados com o trabalho. O que ele consegue mostrar, ao contrário, é que veremos uma série de piadinhas, cenas de ação perfeitamente impossíveis e, em geral, desnecessariamente arriscadas (por que derreter a cerca e deixá-la incandescente se isso pode chamar atenção?), sem nem uma gota de sangue e perfeitamente palatável para a família, já que não serão ditos palavrões. O que, claro, funciona perfeitamente como diversão descompromissada.

“Retaliação” pega do gancho deixado por “A Origem de Cobra”. Zartan assumiu o lugar do presidente dos EUA usando um disfarce tecnológico. Assim a organização Cobra usa o governo para trair os Joes, colocando-os em uma emboscada para, depois, fazerem seu ataque final ao mundo. Resta os Joes restantes tentar se reunir e dar fim aos planos do Comandante Cobra. Ao mesmo tempo Snake Eyes, o ninja de preto, está em uma missão solo para enfrentar Storm Shadow, ou ninja de branco. Tudo no fundo serve como mera desculpa para cenas de ação que só podem ser descritas como vertiginosas, especialmente por conta do bom uso do 3D.

São três as sequências mais legais. A invasão no complexo nuclear, montada como uma operação de guerra, ainda que perfeitamente exagerada; Snake Eyes invadindo o templo nas montanhas, de dar inveja em alguns filmes chineses; e, claro, a batalha final, que chega até ser um pouco eclipsada pelas outras duas. Mas essa última ganha por ter a presença de Bruce Willis, que assume o papel do Joe original (e duvido que houvesse outro ator que pudesse passar por algo tão mítico como um Joe original, ou o primeiro Joe).

Tudo o que parecia excessivo em “A Origem de Cobra”, como o treinamento exagerado, o exoesqueleto, a perseguição por Paris e a base submarina no Ártico, são deixados de lado. Claro, o plano ainda é absolutamente megalomaníaco e tudo ainda é bastante caricato, mas isso é usado em favor da diversão. E se a Torre Eiffel sendo devorada por nanomites no primeiro filme não chega a ser exatamente impressionante, aguarde a cena de destruição de Londres (que já aparece de relance em alguns trailers). É de cair o queixo.

Mas, talvez, “Retaliação” seja tão bacana em parte pela decepção de “A Origem de Cobra”, que abaixou a expectativa de todo mundo. Se for o caso, pode ser que a existência desse primeiro “G.I. Joe” não seja uma coisa tão ruim assim.

Publicado originalmente no Portal POP.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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