AutorLuiz Gustavo Vilela

Meio século de futuro (2001: Uma Odisseia no Espaço)

50 anos depois de estrear, 2001: Uma Odisseia no Espaço segue causando impacto

Talvez a melhor descrição sobre sensação de assistir 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968) seja de George Lucas, cuja saga Star Wars é óbvia herdeira estética do clássico de ficção científica: “é como ver um pôr do sol”. Como um fenômeno da natureza, o filme é hipnótico em sua lentidão e encantador em seus mistérios. O último 4 de julho marcou os 50 anos do lançamento brasileiro (abril de 1968, nos EUA) desta obra que é mais um poema sinfônico que cinema narrativo. Meio século de acúmulo de teorias que tentam entender os reais significados da reflexão existencial futurista de Stanley Kubrick, um dos mais instigantes gênios da sétima arte, que completaria 90 anos no final de julho, não tivesse nos deixado. Leia mais

A Morte de Stalin

A realidade é um problema para o cinema. Desde de seu nascimento, ao causar sobressalto aos que viram o trem se aproximar na notória projeção dos Lumière. A ligação direta com o mundo, aliada a proximidade com a percepção humana, norteou muito da discussão filosófica e psicológica ao longo do Século XX. O problema segue sem solução completa ainda hoje e, enquanto discutimos, o cinema seguiu distorcendo, revendo, reenquadrando e reinventando a realidade. Não raro, porém, ele, o cinema, acontece de ser suplantado pela mesma realidade que busca retratar. A Morte de Stalin (Death of Stalin, 2017) é um grande exemplo.

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Sobre Monstros e Homens

Com A Forma da Água o diretor mexicano Guillermo del Toro entrega seu mais completo e tocante filme

É preciso um tipo muito particular de mente para assistir a O Monstro da Lagoa Negra, de 1954, dirigido por Jack Arnold, e simpatizar com a Criatura e não com os cientistas exploradores. O dono desta mente, no caso, é Guillermo del Toro, roteirista e diretor que queria “corrigir a injustiça histórica” do Monstro não ficar com a mocinha no clássico de horror da Universal ao criar A Forma da Água, que estreou em todo o Brasil na última quinta-feira, 1, e é o campeão de indicações do Oscar 2018 acumulando 13 categorias, entre técnicas e artísticas. Leia mais

A Guerra dos Tronos ficou para 2019

Como a HBO vem trabalhando para garantir as surpresas da temporada final de Game of Thrones, seu maior sucesso

Em 2016 o então Presidente Barack Obama fez o pedido e recebeu da HBO episódios de Game of Thrones antes de irem ao ar. “Quando o homem no comando diz que quer ver os episódios antes de todo mundo, o que você pode fazer?”, disse David Benioff, um dos criadores da série para a Entertainment Weekly. No final do ano passado Zack Thoutt, um engenheiro de software, treinou uma rede neural para entender a escrita de George R. R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo, para prever como acabaria a história. Os primeiros capítulos, confirmando várias teorias de fãs, podem ser encontrados pela internet com certa facilidade. Leia mais

O Legado de George Lucas

Nesta semana chega aos cinemas do mundo todo o aguardado segundo capítulo da nova trilogia dedicada à saga da família Skywalker: Star Wars: Os Últimos Jedi, dirigido agora por Rian Johnson, sob o selo da Disney, atual dona da Lucasfilm. O filme, junto de O Despertar da Força, de 2015, e Rogue One: Uma História Star Wars, de 2016, marca a terceira produção ambientada neste universo sem o envolvimento criativo de George Lucas, o responsável pela criação da saga. Leia mais

Atômica

Atômica

Atômica (Atomic Blonde, 2017) não é o filme que pensa que é. Tampouco é o filme que quer ser. O patamar que estabeleceu para si próprio é alto demais para ser bem sucedido. A seriedade com que encara o tema remete a O Espião que Sabia de Mais (Tinker, Tailor, Soldier, Spy, 2011), de Tomas Alfredson, o melhor filme de espionagem recente; sua estética, um pop-neon oitentista, deve tudo a Driver (2012), de Nicolas Winding Refn; e, se isso já não for o bastante, chega a citar nominalmente Stalker (1979), de Andrei Tarkovski, com uma sequência de luta iluminada pela tela de cinema que exibe a obra do mestre soviético. Não ser tão bom quanto estes outros trabalhos, porém, não torna Atômica descartável. Leia mais

Uma ponte cinematográfica

Com o documentário “Construindo Pontes” a curitibana Heloisa Passos usa relação turbulenta com o pai para tratar de política

Dois acontecimentos marcaram a história recente de Heloísa Passos, premiada Diretora de Fotografia e Diretora Curitibana que acaba de lançar seu mais novo documentário, “Construindo Pontes”, no Festival de Brasília e que em breve será reexibido no FicBic, o Festival de Cinema da Bienal de Curitiba. O primeiro foi uma oficina de documentários ministrada para 20 estudantes como parte do FIDÉ Brasil, o Festival Internacional de Documentário Estudantil. O segundo foi exibir o “Construindo Pontes” para seu pai, Álvaro Passos, principal personagem do documentário, em uma sessão privada. Leia mais

“Em 2006 entrei na cadeia”

Perfil de Aly Muritiba, o cineasta que filmou o dia a dia dos Agentes Penitenciários de São José dos Pinhais.

Para fugir da opressão do cotidiano como Agente Penitenciário da Casa de Custódia de São José dos Pinhais, Aly Muritiba resolveu se matricular no recém-criado curso de cinema da Unespar. A cadeia, nas palavras do próprio cineasta, era “um ambiente que te suga muita energia, é pesado”. O que começou como uma válvula de escape logo contaminou a forma como ele percebia o espaço e as relações humanas lá abrigadas e culmina com o lançamento comercial de A Gente, documentário sobre os a Equipe Alfa da Penitenciária. Leia mais

A Criação segundo Aronofsky

mãe!

No ambicioso “Mãe!” o diretor de “Cisne Negro” abraça a temática bíblica para tratar do horror humano.

É fácil entrar no cinema para ver “Mãe!”, o mais novo trabalho de Darren Aronofsky que chegou aos cinemas na última quinta (21), pensando se tratar de mais um filme de horror. Na primeira metade elementos do gênero são usados para gerar o clima de tensão sentido pela Mãe (Jennifer Lawrence), mas na medida em que a narrativa se torna progressivamente surreal fica claro que este é um filme complexo, que usa o horror como fachada para criar uma ambiciosa alegoria bíblica sobre a relação entre a humanidade e o mundo.

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Game of Thrones – S07E07 – The Dragon and the Wolf

Game of Thrones - The Dragon and the Wolf

Texto cheio de spoilers. Leia por sua conta e risco.

Ainda que talvez seja adequado para uma temporada que foi morna na média, é estranho que um season finale de Game of Thrones seja tão pouco emocionante. Claro, muitas coisas impressionantes aconteceram – mais sobre isso em um instante –, mas nada do quilate de um Casamento Vermelho ou de uma Batalha da Água Negra. Mesmo a temporada passada terminou com uma explosão que eliminou toda uma denominação religiosa e uma família de inimigos de Cersei Lannister (Lena Headey) em um único golpe. Leia mais