“Duro de Matar 5: Um Bom Dia Para Morrer” diverte, mas não faz jus à franquia

Já vamos deixar claro que “Duro de Matar 5: Um Bom Dia Para Morrer” não chega aos pés do primeiro filme, que ainda é, incontestavelmente, o melhor filme da franquia (e um dos melhores filmes de ação de todos os tempos, convenhamos). Também perde feio para o terceiro e nem tão feio assim para o segundo. Mas é melhor e mais legítimo que o quarto. Se não servir de consolo, talvez o ideal seja alugar a trilogia original e ficar longe das salas de cinema. Se servir, ainda dá para se divertir um bocado com Bruce Willis e seu bom e velho (mesmo) John McClane.

Como sempre, McClane é apresentado como um policial comum que quer apenas proteger sua família. Mas, dessa vez, ele precisa ir para a Rússia, porque seu filho Jack (Jai Courtney), com quem não conversa há anos, está metido em encrencas. Só que em vez de ser um pistoleiro solitário que busca apenas sobreviver enquanto espera que alguém mais capacitado faça o serviço, como nos melhores filmes da série, ele se junta ao filho para, basicamente, matar todos os capangas disponíveis na ex-União Soviética. Aparentemente os capangas americanos já foram todos mortos nos outros filmes.

Em relação a “Duro de Matar 4.0″, algumas coisas foram devolvidas ao seu lugar. McClane é, novamente, um peixe fora d`água, que reafirma, de tempos em tempos, que só queria passar um tempo com o filho enquanto está de férias. Coisa de pai. Mas isso se evidencia mais pelas falas de Willis do que pelas cenas em si. Há a intenção de fazer de McClane apenas o policial comum tendo um dia ruim, mas o que vemos em cena é mais próximo do espião aposentado que Willis interpreta em “Red”, cheio de recursos e experiências de guerra. E qualquer um que conheça a franquia “Duro de Matar” sabe que os melhores filmes não têm nada disso.

Em geral, é injusto com um filme colocá-lo em comparação com outros do mesmo gênero. Mas nesse caso a injustiça é para com o espectador. Afinal, colocar “Duro de Matar” no título gera uma expectativa que não chega a ser satisfeita. O que temos é, no fundo, um filme de ação genérico estrelado por um personagem carismático que já teve dias melhores. A questão é que, sendo esse personagem John McClane, o filme meio que se justifica no final das contas.

Bruce Willis ainda é o ator bonachão e debochado de 25 anos atrás. Ele ainda faz biquinho, esboçando um meio sorriso, enquanto usa uma metralhadora em quantos capangas forem necessários (e, note em outros filmes, esse cacoete é exclusivo de McClane). Só Willis é capaz de dar uma gargalhada sincera depois de explodir meio mundo ou antes de um dos vilões atirar em sua cabeça. A coisa é tão forte com ele que quando Courtney tenta fazer a mesma gargalhada, a cena fica, imediatamente, forçada e caricatural.

O mesmo se pode dizer da relação pai e filho. Courtney não tem nem mesmo parte do carisma de Willis e chega a ser triste vê-lo em cena, sem contar o sentido espiritual da relação. O cara é filho de John McClane, para todos os fins uma das figuras mais legais da cultura pop, e esnoba ele. Mesmo o conflito de McClane com sua família sendo um dos grandes tons da franquia, em relação ao filho a coisa parece um pouco demais. Coisa que é piorada por conta do espelho que se faz com o personagem de Sebastian Koch, Komarov, e sua filha Irina, interpretada por Yuliya Snigir.

Mas, no final das contas, tudo é uma desculpa para vermos John McClane dizer “Yippee-ki yay, motherfucker”. E isso é sempre legal.

Publicado originalmente no Portal POP.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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