“Game of Thrones” S05E03 – “High Sparrow”

Agora que passamos pelo terceiro capítulo desta quinta temporada de “Game of Thrones” parece seguro afirmar que a dinâmica e ritmo da série mudaram um pouco. Ao invés de 10 episódios-bomba que caminham para um clímax lá pelo nono, devemos ter uma crescente de tensão que culminará neste ápice. A ideia dos produtores e roteiristas talvez seja a de valorizar o grande momento da narrativa. Saberemos em algumas semanas se valeu a pena.

Quando “Game of Thrones” surgiu foi muito comparado com outra bela série da HBO: “Boardwalk Empire”. Apesar de tratar de um tema completamente diferente (tráfico de bebida nos EUA da Lei Seca), tinha um cuidado com a produção e um esquema de roteiro, de múltiplas linhas narrativas se entrecruzando, bem parecida com a saga épica de Westeros. A diferença crucial estava no encadeamento e ritmo narrativos. Um nos deixava de coração na mão a cada semana, enquanto o outro começava moroso até explodir tudo em nossa cara nos últimos capítulos. Curiosamente, a história de Nucky Thompson chegou ao fim na temporada de 2014, talvez deixando os roteiristas de “Thrones” livres para testar outros formatos.

Não é como se fosse algo muito arriscado, ao mesmo tempo. “Game of Thrones” é uma série que está bem estabelecida o suficiente para segurar seus fãs em frente à tela mesmo que o episódio envolva apenas Jon Snow olhando preocupado para o horizonte sobre a Muralha. Ao mesmo tempo, por mais morosos que estes três episódios tenham sido, há momentos tanto de tensão dramática, como de interesse narrativo que nos recompensam a sessão.

O mais claro é, justamente, o primeiro ato de Jon Snow como Comandante da Patrulha da Noite, que enfrenta uma insubordinação de maneira semelhante a Daenerys Targaryen no episódio passado, mas com resultados (até então) bem diferentes. É muito interessante como ambos estão cada vez mais em posições bem parecidas neste momento, precisando aprender a fazer política depois de vencer batalhas.

No meio do caminho entre os dois está Cersei Lannister que aparece em dois movimentos bem interessantes. No primeiro precisa lidar com um seita de fanáticos religiosos. É quando aparece pela primeira vez o High Sparrow do título, líder carismático vivido com destreza por Jonathan Pryce. Mas a pérola do episódio está no festival de dissimulação que é o encontro da Rainha-Mãe com Margaery Tyrell, feita Rainha depois de casar com o jovem Rei Tommen Baratheon. As duas medem forças para estender e solidificar sua influência sobre o Reino em um duelo que valerá a pena acompanhar.

O espetáculo visual fica por conta do bem cuidado interior da Casa do Branco e Preto, em que vemos uma impaciente Arya Stark começar a compreender o caminho dos Homens Sem Face. Aos poucos ela se torna senhora de si, ao contrário de sua irmã, Sansa, que retorna para sua Winterfell natal seguindo como peça a ser manipulada por homens mais poderosos e habilidosos que ela no jogo político.

Ainda que seja um episódio sensivelmente moroso, especialmente para uma série cujo primeiro capítulo envolveu uma cena de incesto e infanticídio, é notável o aumento gradativo da tensão em relação aos dois anteriores. Em algum momento toda essa energia acumulada deverá ser liberada. Resta saber se fará jus ao que “Game of Thrones” vem representando na cultura pop.

Publicado originalmente no Portal POP.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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