As cenas que envolvem o horror e desespero do tsunami em “O Impossível” já são angustiantes o bastante por si mesmas. Mas acabam potencializadas por todo o tempo que o diretor, Juan Antonio Bayona, dedica a mostrar a felicidade de todos que estavam curtindo suas férias por lá. Especialmente da família protagonista, encabeçada por Ewan McGregor e Naomie Watts, além dos três filhos. É quase meia hora de projeção focada em como essa família é unida e está feliz de poder passar um tempo juntos, em um lugar paradisíaco. Mostrar a interrupção de toda essa felicidade é o que potencializa a sensação de angústia quando a família é separada pela força da natureza. Leia mais
Arquivodezembro 2012
“Essa história vai fazer você acreditar em Deus”, repete o escritor que está atrás de uma história, quando Pi, já adulto e vivendo no Canadá, lhe pergunta por que ele quer saber sobre seu acidente trágico. Foi essa frase, dita por um tio de Pi, que motivou a ida desse escritor até o Canadá para ouvir seu relato. E que relato. Porque, ainda que você não termine o filme acreditando em Deus, não é possível negar a força das imagens e da construção narrativa que Ang Lee faz em “As Aventuras de Pi”. E sim, há uma profunda e bela reflexão sobre religiosidade ao longo de toda a narrativa. Leia mais
Em geral, não se considera de bom tom que um texto que pretende analisar uma obra de arte seja baseado no gosto pessoal ou na memória afetiva do autor. Mas, para falar de “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, resolvi trabalhar no campo da exceção. Começo, pois, com um aviso: eu gosto, e muito, da trilogia original “O Senhor dos Anéis”. Li os livros anos atrás, ao longo de minha adolescência e guardo as histórias de Tolkien com grande carinho, como parte da minha formação. Mas, se você não gosta, sinto lhe dizer que “O Hobbit” será uma tortura para você. Leia mais
Dizem que só existem 12 histórias possíveis, narrativamente falando. E que todo filme, livro, peça ou jogo não passa de uma variação de uma delas. Se for verdade, a história do time de desajustados que precisa encontrar forças um nos outros para trilhar um caminho próprio e triunfar onde outros tantos são favoritos, em geral contando com um milagre ou dois no meio do caminho, só pode fazer parte desta dúzia. Exemplos não faltam: “The Ducks”, “As Apimentadas”, “Mudança de Hábito 2”, “Vem Dançar”, “Virando o Jogo”, entre tantos outros. Os exemplos são infinitos. E, agora, infinito mais um. Leia mais
A pele branca e os olhos azuis não denunciam facilmente, para quem não o conhece, a origem mexicana de Guillermo Arriaga. Autor dos textos originais de “Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel”, além de ter dirigido “Vidas Cruzadas”, Arriaga acabou se tornando um dos mais inventivos, por sua originalidade em tempos de remakes e continuações, roteiristas de nosso tempo.
Vestido como um gringo, de calça e camisa em tons cáqui, Arriaga estava cansado. Veio ao Brasil para uma palestra de dois dias sobre roteiro, através do projeto Ficção Viva. Suas técnicas e estruturas, completamente distintas do convencional (chegou a se dizer ofendido quando via pessoas elogiarem a edição de filmes como “21 Gramas”, já que a estrutura já estava pensada no roteiro). Ainda assim, teve disposição para uma rápida conversa comigo sobre sua formação, carreira e preferências.
Em certo momento de “Magic Mike”, o personagem-título, interpretado por Channing Tatum, conversa com Brook, papel de Cody Horn, irmã de Adam, o jovem stripper protegido por Mike e vivido por Alex Pettyfer, enquanto caminham em uma praia. Ela diz não entender por que seu irmão escolheu fazer strip-tease para viver. Ele responde que ele tem apenas 19 anos e que esse emprego lhe dá mulheres, dinheiro e diversão à vontade.