Arquivojulho 2016

Dois Caras Legais

Dois Caras Legais

A sequência de abertura de Dois Caras Legais (The Nice Guys, 2016) deixa clara quais as temáticas que interessam Shane Black, diretor e co-roteirista ao lado de Anthony Bagarozzi. Um garoto pega uma edição da Playboy debaixo da cama dos pais que estão dormindo. Ao andar pela casa escapa por pouco de um carro que atravessa as paredes rumo ao quintal. Lá, agonizante e nua, está a modelo que estampa a capa da revista, ao lado do carro capotado prestes a pegar fogo. A cena colide inocência infantil, sexo e violência, a combinação de ouro do cinema hollywoodiano desde sempre. Leia mais

Caça-Fantasmas

Caça-Fantasmas

Paul Feig riu por último ao fazer com que a maior piada de Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) seja o ódio descerebrado criado pelo simples fato do filme ser uma refilmagem de um cânone nerd com mulheres. É um movimento brilhante por dois aspectos: a certeza de que haveria revolta suficiente para que as piadas façam sentido e a tranquilidade de poder tirar sarro de quem já disse que não iria ver o filme, logo impactando pouco nas bilheterias. Partindo desta liberdade o diretor, junto da co-roteirista Katie Dippold, puderam ir além da nostalgia, criando uma obra sobre 2016 para 2016. Leia mais

Julieta

Julieta

Há um filme em algum lugar de Julieta (2016), mas não nas imagens que Pedro Almodóvar usa para contar a história da personagem-título. Assim como para a própria Julieta (Adriana Ugarte e Emma Suárez), que passa boa parte da vida em estado de torpor, recuperando-se dos traumas que passou, à obra falta vida. Mesmo as cores vibrantes, marca visual do diretor espanhol, só aparecem aqui e ali, mais como assinatura estilística do que como reflexo da explosão de sentidos das personagens. É indício de que há uma intencionalidade na contenção estético-narrativa, ainda que ser proposital não seja critério de redenção. Leia mais