Arquivosetembro 2015

“Nocaute” ganha por pontos

“Nocaute” ganha por pontos

O interesse cinematográfico no boxe é meio óbvio. Os filmes terminam com uma grande luta, que é a materialização dos confrontos internos do personagem. Todos os seus conflitos se tornam feridas ensanguentadas, socos que explodem em suor e que exigem toda força do protagonista, que mal consegue ficar de pé. Uma luta de boxe no clímax ajuda, e muito, na hora de nos colocar na ponta da cadeira, segurando a respiração, esperando que, a cada soco, um dos dois lutadores caia, finalmente, em câmera lenta, rumo à lona. Isso explica a quantidade de (grandes) longas que colocam boxeadores no centro de suas tramas, movimento que desemboca neste “Nocaute”. Leia mais

Aardman brilha com “Shaun, o Carneiro”

A rotina massacrante do dia a dia leva Shaun, o simpático e engenhoso carneirinho, a uma decisão radical: dar um golpe no fazendeiro para curtir um dia de folga. Mas é claro que as coisas não saem como o esperado e ele vai precisar usar de toda a sua astúcia para conseguir salvar o dia. Há toda uma afiliação em tramas de comédias leves com esse tom, desde “A Felicidade Não Se Compra” até “Esqueceram de Mim”, passando por “Curtindo a Vida Adoidado”. Um misto da consciência de que a vida é massacrante, com o velho adágio do “cuidado com o que desejas”. Mas a estrutura e a mensagem edificante ficam em segundo plano ante a ambição da Aardman de fazer um filme (praticamente) mudo. Leia mais

Maneirismo e charme em “O Agente da U.N.C.L.E.”

Logo na primeira sequência de “O Agente da U.N.C.L.E.”, fica claro que estamos diante de um filme que está interessado em ser cinema. Napoleon Solo (Henry Cavill) precisa passar pelo Checkpoint Charlie, do lado ocidental para o oriental de Berlim. Com alguns closes e cortes rápidos, ficamos sabendo que ele está atento a tudo o que está a sua volta. Quer dizer que os enquadramentos e movimentos de câmera são tão importantes para contar a história e apronfundar as características e relações entre os personagens quanto os diálogos ou as tramas em si. Esta talvez seja a primeira vez, depois de 20 anos de carreira como diretor, que os maneirismos de Guy Ritchie, herdados do auge da era do videoclipe, tenham sido usados em favor da narrativa e do estabelecimento de um clima dramático sólido. Leia mais