Arquivojaneiro 2016

Steve Jobs

Steve Jobs

Poucas vezes o cinema combinou com tanta precisão forma e conteúdo quanto na execução de Steve Jobs (2015). Assim como com as obsessões pessoais do próprio Steve Jobs (Michael Fassbender), sempre na linha fina entre homem de negócios tecnocrata e artista, o roteiro de Aaron Sorkin e a direção de Danny Boyle operam sobre as diversas dualidades que marcaram a personalidade do fundador da Apple. Visionário e mitômano; gênio e fracassado; marcado pela adoção e relutante em relação à paternidade; aquele que mudou o mundo por saber o que as pessoas queriam (antes delas saberem o que queriam) e ainda assim era incapaz de entender seus próprios colegas de trabalho. Leia mais

Os Oito Odiados

Os Oito Odiados

A lenta sucessão de paisagens nevadas do Wyonming sugere que Os Oito Odiados (The Hatefull Eight, 2015) é um filme anormalmente árido em relação ao cinema de Quentin Tarantino. Assim como nestes cenários não há humanos no filme, relação de sentido coroada com a estátua do Cristo crucificado coberta de neve. A diligência que leva os personagens vai para um lado; Jesus, entre o amargurado e o envergonhado, olha para outro. Leia mais

O Fim da Turnê

O Fim da Turnê

Isto É Água, transcrição e publicação de seu discurso para alunos que se formavam na Kenyon College, alçou David Foster Wallace ao patamar de guru moderno, para seu próprio horror. Sua fala clamava por mais empatia, argumentando que, do contrário, a alternativa ao individualismo massacrante contemporâneo era a morte. Essa conclusão é parte da angústia e das reflexões do escritor ao longo de sua vida. Seu suicídio no fim de 2008, resultado de uma longa batalha contra a depressão, colaborou para a viralização do texto, aumentando seu hype e o colocando em pé de igualdade com outras grandes obras da auto-ajuda semi-acidental, como Use Filtro Solar. Com sorte, porém, O Fim da Turnê (The End of the Tour, 2015) ajudará a mudar isso, ampliando a percepção do público sobre a visão de mundo de Wallace. Leia mais

MacBeth: Ambição e Guerra

MacBeth: Ambição e Guerra

Em diversos lançamentos do cinema comercial contemporâneo, a câmera em um leve contra-plongée – inclinada de baixo para cima – é uma escolha técnico-estilística. Serve tanto para esconder coisas que estão espalhadas no chão do set quanto para enquadrar melhor os atores. Em MacBeth: Ambição e Guerra (MacBeth, 2015), porém, é um lembrete de que estamos vendo uma história de pessoas que se colocam acima da vida ordinária. Que são nobres e não plebeus. Leia mais