Filmes de samurai são como faroestes. Sempre há lugar para mais um. Filmes de samurai que terminam em uma batalha épica e sangrenta, motivada por honra e vingança, então, quanto mais melhor. Só por esse princípio, “47 Ronins” já não é um desperdício completo. Mas, apesar de algumas escorregadas absolutamente desnecessárias – e não estou falando apenas de Keanu Reeves -, ainda é um filme com algum mérito.
Arquivojaneiro 2014
Na comemoração da virada do ano de 2008 para 2009 o jovem Oscar Grant, de 22 anos, pai, ex-presidiário (preso por tráfico), foi morto em uma estação de metrô na região metropolitana de San Francisco, Califórnia, enquanto voltava para casa com seus amigos. O incidente aconteceu por um erro de um policial que decidiu atirar nas costas do jovem, enquanto este estava sendo imobilizado. O fato gerou revolta na população, que se manifestou contra preconceito de cor através de violentos protestos.
As três frases acima resumem, em estilo jornalístico-telegráfico o que aconteceu com Oscar e as consequências disso. O que elas não contam é quem foi Oscar. O que ele queria da vida? Quais suas aspirações? Como era sua relação com a família? E são essas perguntas que “Fruitvale Station: A Última Parada” tenta responder. Ao transformá-lo em uma pessoa real, ao lhe retirar o status de estatística, com seus defeitos e qualidades, o filme desnaturaliza discursos prontos, escancarando o preconceito racial ainda latente.
Parte da função do cinema – da arte, vá lá – envolve revisitar e reapresentar a história. Dentro desse universo específico, a Segunda Guerra Mundial sempre foi fonte de belos trabalhos. Tanto na seara do filme de guerra, quanto de dramas. Especialmente o sofrido pelo povo alemão (sejam judeus, ciganos, gays ou não) que não necessariamente compactuava com as imposições do Partido Nazista. “A Menina que Roubava Livros” pode não ser o melhor, nem mais preciso (ainda que esteja muito acima de atrocidades literário-cinematográficas como “O Leitor”), mas cumpre bem essa função por conta da popularidade do livro, que, espera-se, será transferida para a bilheteria.
O mercado de ações é a perversão máxima do sistema capitalista. Ganha-se dinheiro, e muito, sem que nada seja produzido. Nem um cinzeiro. Nada. Em tempos de crise financeira, nada mais natural que a ficção se volte para esse universo, que se materializa em Wall Street. E, agora, Martin Scorsese concentra todo o vazio do enriquecimento que, mesmo quando é lícito, é imoral, em uma única figura: Jordan Belfort, interpretado por Leonardo DiCaprio.
A melhor coisa que dá para falar de “Frankenstein: Entre Anjos e Demônios”, é que ele respeita bastante o que foi estabelecido em “Frankenstein”, clássico de horror escrito por Mary Shelley. O que quer dizer que entusiastas do cânone (eu incluso) não deverão se descabelar loucamente quando o monstro for chamado de Frankenstein – não é, em momento algum.
Não há novidade em “Alabama Monroe”. Um homem, o músico country Didier, e uma mulher, a tatuadora Elise, com visões de mundo completamente diferentes, se apaixonam e formam uma família. Tudo meio aos trancos e barrancos, como o que parece ser a vida real. A pequena Maybelle fica doente, depois de um tempo, e todo o amor que eles tinham, toda a felicidade experimentada por aqueles anos, parece querer ceder à essa pressão.
O tempo passa e os dilemas adolescentes, pelo jeito, não mudam. Época de descobertas, inseguranças, experiências e decepções. Viver em uma sociedade conservadora não ajuda, mas a liberdade total, especialmente sem diálogo, também não é solução de todos os problemas. E, no meio disso tudo, mais perdido do que todos, está o próprio adolescente, que, imediatista nato que é, nem mesmo o alívio psicológico de pensar que “isso vai passar, mais dia menos dia” possui.
Se houvesse um Oscar (ou prêmio Nobel, talvez?) para melhor ideia de um produtor, a de 2014, seguramente, teria “Ajuste de Contas” entre os indicados. Por que o conceito básico do filme é tão simples quanto genial. Óbvio, até – daqueles em que você meio que não sabe até hoje como é que ninguém tinha pensado nisso. O quão brilhante não é colocar Robert De Niro e Sylvester Stallone em um filme sobre dois boxeadores rivais e velhos que irão, 30 anos depois do auge, terminar a melhor de três da vida deles?
Tão complicado quanto ser um adolescente é retratar essa fase na ficção. Por isso, então, fica o grande mistério em relação à “Confissões de Adolescente”, livro semi-autobiográfico de Maria Mariana que virou peça, série para a TV e, agora, um belo e merecido filme – sobre o qual falamos mais na tradicional resenha. A atriz Malu Rodrigues, que interpreta a Alice no filme, conversou com o POP sobre, entre outros assuntos, o que faz a história continuar tão atual.
Para uma animação centrada em uma princesa da Disney, “Frozen: Uma Aventura Congelante” representa um salto narrativo bem interessante. Isso porque não há um vilão palpável, ou uma encarnação do mal, como estamos acostumados com os filmes da casa do Mickey – ainda que haja os personagens minimamente mal intencionados. Ainda assim, é diferente de um Gastão, Ursula, Jaffar ou Scar. Se fôssemos apontar, os vilões aqui são manifestações etéreas de sentimentos, como ódio, intolerância e medo. E é incrível como isso funciona perfeitamente bem para a história.