Com Enquanto Somos Jovens (While We’re Young, 2014) Noah Baumbach fez as pazes com sua própria geração, os novos quarentões que perderam o domínio cultural com a chegada dos hipsters. É uma evolução natural de O Solteirão (Greenberg, 2010) e sua visão mais amarga e irônica das pessoas dessa faixa etária, especialmente os que não aceitavam que estavam ficando velhos. Mistress America (2015) faz mais ou menos o mesmo com a questão feminina em foco, desenvolvendo-se à partir de Frances Ha (2013). Ambos são, afinal, fruto da parceria de Baumbach com Greta Gerwig. Leia mais
Arquivonovembro 2015
A primeira coisa que vemos em Kumiko, a Caçadora de Tesouros (Kumiko, the Treasure Hunter, 2014) é uma imagem da abertura de Fargo (1996). As palavras do letreiro — brancas no fundo preto, distorcidas e fantasmagóricas pelo VHS — dizem que o filme é baseado em fatos reais. Informação suficiente para que Kumiko (Rinko Kikuchi) se convença de que em algum lugar próximo a Fargo, a cidade de Minnesota onde a trama do clássico dos irmãos Coen se passa, está a maleta de dinheiro enterrada na neve por Carl Showalter, o personagem de Steve Buscemi no fim da história. Leia mais
Uma matéria do Blog do Guia da Folha de S. Paulo informou que muitas pessoas deixaram as salas de cinema no meio de uma sessão de Bata Antes de Entrar (Knock Knock, 2015), filme estrelado por Keanu Reeves e dirigido por Eli Roth. Esta é uma informação curiosa, considerando a alta tolerância do público brasileiro para cinema considerado de baixa qualidade. Ninguém abandona uma sessão de Transformers ou de De Pernas Para o Ar. A última notícia de abandono de sessão envolveu Praia do Futuro e uma cena de sexo gay com Wagner Moura, ícone de masculinidade por conta de seu Capitão Nascimento nos dois Tropa de Elite. Leia mais
Arquímedes Puccio (Guillermo Francella) é um pai atencioso, preocupado com o dia a dia dos três filhos homens e as duas filhas mulheres. Acompanha a lição de casa da mais nova com atenção e se preocupa com as decisões tomadas pelos outros. Massageia os ombros da esposa enquanto ela prepara o jantar, demonstrando que também é um marido zeloso. Ele é o velhinho que você sempre vê varrendo a esquina de sua loja, com os cabelos impecavelmente brancos e um jeito meio mau humorado. Arquímedes Puccio, figura central em O Clã (El Clan), é, também, o mal encarnado. Leia mais
“007 contra Spectre” começa com um plano-sequência, uma cena que só terá um corte depois de um longo tempo, no Dia dos Mortos, na Cidade do México. O recurso serve para criar um clima de tensão crescente, já que o corte serve como uma espécie de alívio para quem assiste, o que é apropriado para um filme de espionagem. Mas não dá para começar um filme, ainda mais um thriller, ainda mais no México, com um plano-sequência sem evocar “A Marca da Maldade”, clássico de Orson Welles. É dali que James Bond (Daniel Craig) sairá com sua primeira pista envolvendo a sinistra organização Spectre, que é responsável pelas grandes movimentações dos últimos tempos. Aí está, afinal, a marca da maldade. Leia mais
Quando foi lançado, dez anos atrás, o vigésimo 007, ainda com Peirce Brosnan, a ideia dos produtores foi rechear o filme com diversas referências à própria série. Agora, quando a franquia comemora 50 anos, o lançamento de “007 – Operação Skyfall”, o 23.° Bond oficial, aparece no mesmo espírito, revisitando a história, tanto tematicamente quanto “espiritualmente”. Mas este é um filme da era de Daniel Craig, mais séria e mais adulta, o que quer dizer que as homenagens têm um fundo mais simbólico e com consequências mais profundas que simplesmente repetir a saída do mar de Ursula Andress em “007 – Contra o Satânico Dr. No”. Leia mais
Depois de quatro filmes discutindo o lugar de James Bond no mundo contemporâneo, chegou a vez de mudar tudo. Afinal, o Bond de Pierce Brosnan não fazia sentido em uma sociedade que tinha visto tanto a queda das Torres Gêmeas (e toda a paranoia ocidental decorrente) quanto a “Trilogia Bourne”, que mudou tudo em relação ao cinema de espionagem. Foram quatro anos entre “007 – Um Novo Dia Para Morrer” e “007 – Cassino Royale”, o tempo necessário para compreender essas mudanças.
Para que serve James Bond em um mundo que não está mais polarizado entre duas superpotências atômicas? Essa é a pergunta-chave para colocar os quatro filmes do 007 protagonizados por Pierce Brosnan, no final da década de 90 e primeiros anos 2000, em perspectiva. E mais: pensar sobre essa pergunta ajuda a entender como esses mesmos quatro longas foram tão importantes para a consolidação da “era Daniel Craig”. Leia mais
Os anos 80 já caminhavam para seu final, a Guerra Fria chegava a um acordo, que dava uma certa vitória moral para o ocidente, e, além do fato de Roger Moore já estar ficando velho, o mundo precisava de um James Bond um pouco diferente. O jeitão mais debochado dos últimos filmes não funcionaria em uma sociedade que via salas de cinema se encherem para assistir Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Leia mais
O nível de popularidade, depois dos filmes estrelados por Sean Connery (e George Lazenby, vai), de James Bond estava tão alto, que o primeiro com Roger Moore, “Com 007 Viva e Deixe Morrer”, garantiu ninguém menos do que Paul McCartney para compor e executar a música de abertura. Não que o ex-Beatle tenha feito mal negócio. “Live And Let Die” é, até hoje, uma de suas canções mais populares e conhecidas, especialmente fora do quarteto de Liverpool. Leia mais