Arquivofevereiro 2016

Trumbo – Lista Negra

Trumbo – Lista Negra

O maior pecado de Trumbo – Lista Negra (Trumbo, 2015) é estar muito aquém do talento de seu biografado, o roteirista Dalton Trumbo (Bryan Cranston), responsável por grandes clássicos hollywoodianos como A Princesa e o Plebeu (Roman Holliday, 1953), Spartacus (1960) e Johnny Vai à Guerra (Johnny Got His Gun, 1971) este seu único crédito como diretor. Falha como biografia ao não se decidir entre o drama familiar, a comédia de bastidores de Hollywood e o comentário social, ainda que seja relevante por conta deste último. Leia mais

O Quarto de Jack

O Quarto de Jack

“Bom dia, lâmpada.”

O quarto onde vivem Joy (Brie Larson) e seu filho Jack (Jacob Tremblay) é o mundo. Não há mistério fora das paredes de Quarto, o espaço que perde o artigo antes do substantivo realçando sua condição totalizante e única. Jack se interessa pela luz que chega pela claraboia, mas não se preocupa em saber de onde ela veio; ou pelos personagens da TV, mas sem pensar em como ela funciona, ou mesmo a diferença entre desenhos e imagens com atores. Em O Quarto de Jack (Room, 2015), Quarto é o mundo criado por Joy para proteger Jack, seu filho. Leia mais

Creed: Nascido Para Lutar

Creed: Nascido Para Lutar

1. Porque todo filme de boxe vale a pena ㅡ mesmo aquele em que Orlando Bloom toma leite demais, o que o faz resistente aos socos. Há, afinal, algo de intrinsecamente cinematográfico na trajetória de um boxeador. A sequência de treinamento, alternada com cenas do personagem de tornando uma pessoa melhor depois de toda barra que enfrentou, é um crescendo que recompensa o espectador durante a luta final cuja emoção explode a cada soco, a cada esquiva, a cada vez que ele se recupera do que deveria ter sido um nocaute. Leia mais

O Regresso

O Regresso

A colisão entre o real e a fábula fazem de O Regresso (The Revenant, 2015) um filme mais norte-americano do que a princípio indica sua pretensão de recontar a história de Hugh Glass, um mito formador do imaginário estadunidense. As belas imagens, o urso de computação gráfica e a própria história do pioneiro são tão surreais que ㅡ cada uma a seu modo ㅡ criam um tom onírico. Já as histórias da nevasca, tão severa que impediu as filmagens de seguirem normalmente, e o comprometimento do vegetariano DiCaprio comendo um fígado de bisão, usando uma pele de urso e aprendendo duas línguas nativo-americanas, por outro lado, abraçam o discurso realista. Leia mais

Carol

Carol

O trunfo de Ang Lee em O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005) foi retratar um romance homossexual dentro de boa parte dos parâmeros nos quais uma história de amor proibido hétero seria filmada. Seu pecado foi transformar o melodrama em tragédia, matando um dos dois personagens centrais. O “desvio” é punido e a ordem restabelecida. Carol (2015), de Todd Haynes, parte da mesma premissa, mas avança ao contar uma história cujo drama central está na problematização do estigma social do relacionamento homoafetivo. Leia mais

O Filho de Saul

O Filho de Saul

A crueldade do homem sobre si mesmo não encontra limites. É um poço sem fundo cuja existência insiste em redefinir o que significa ser humano. O Holocausto Judeu durante a Segunda Grande Guerra ㅡ ao lado de outros tantos massacres ocorridos ao longo da história ㅡ é uma das provas de que tudo o que um povo precisa para permitir o horror é fazer uma simples adequação mental que transforma o outro, o diferente, em menos que humano. Com um pouco de retórica e um tanto de força militar este outro também se convencerá e logo estará fazendo até mesmo o trabalho sujo de seu algoz. Leia mais

Spotlight – Segredos Revelados

Spotlight - Segredos Revelados

A construção narrativa é o maior ponto de contato entre o jornalismo e o cinema. Por isso Spotlight – Segredos Revelados (Spotlight, 2015) é um filme metalinguístico em sua essência. Ao acompanhar uma equipe especializada em jornalismo investigativo do Boston Globe mergulhando fundo em casos de pedofilia acobertados pela Igreja Católica o diretor Tom McCarthy trata do poder que há em uma história. Mas ela precisa ser contada do jeito certo. Leia mais