Texto cheio de spoilers. Leia por sua conta e risco.
Ao ver Stormborn, o segundo episódio desta sétima temporada, chama atenção a elegância da montagem, ainda mais notável pela direção de Mark Mylod, aqui em sua quinta colaboração em Game of Thrones. As transições entre cada segmento são mais orgânicas e livres, com liberdade para ir e voltar de um ponto para outro conforme a necessidade narrativa. É um capítulo sensivelmente mais agradável de ver do que os dos últimos três anos – quando os múltiplos focos faziam com que cada nova visita a Westeros parecesse uma série de pequenos recortes.
Stormborn é diferente. Os saltos são dados por evocação narrativa – quando um personagem menciona outro, levando à nova localidade –, ou por um gancho visual, o que é ainda mais interessante. Num deles, pensamos ver Missandei (Nathalie Emmanuel) levar a mão à cabeceira da cama, quando, na verdade, é a mão do Arquimestre Ebrose (Jim Broadbent) pegando um livro na estante da biblioteca. Noutro, ainda mais marcante, pensamos ver um close da doença de pele de Jorah Mormont (Iain Glen), mas é uma espécie de sopa sendo comida por dois personagens aleatórios que conversam casualmente em uma taberna em que por acaso está Arya Stark (Maisie Williams).
Essa elegância indica que, como esperado, os episódios devem se tornar mais dinâmicos daqui para frente, com a Guerra dos Tronos chegando ao seu clímax. Ícone máximo disso é o fato de que está se aproximando o momento em que saberemos a resposta sobre a questão do Gelo e Fogo. Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) estende a mão para Jon Snow (Kit Harrington), que, por sua vez, tende a aceitar. Serão aliados? Inimigos? É possível que o próximo episódio sequer chegue a responder esta questão, buscando capitalizar no suspense.
A resposta para esta questão, porém, é pivotal para o desenrolar da trama de agora em diante. Stormborn, Nascido na Tormenta em tradução literal, é, afinal, uma espécie de alegoria para o próprio jogo final, iniciado em uma tempestade nos mares com o confronto entre as duas facções Greyjoy. Com isso, apesar de apresentar maior poderio militar, Daenerys começa em desvantagem em relação à Cersei Lannister (Lena Headey). O Leão mostra suas garras.
A movimentação dos irmãos Greyjoy, como é explicado por Tyrion (Peter Dinklage), é central para a estratégia de conquista. Sem os navios das Ilhas de Ferro fica mais distante a possibilidade de conquistar Westeros sem derramamento excessivo de sangue. Sem penalizar o povo, portanto. Daí a importância do embate entre Daenerys e Varys (Conleth Hill), que deixa claro seu compromisso com a população, apoiando sempre os líderes que, segundo pensa, melhor governaria para eles. Por isso também, desde a quinta temporada, as questões ligadas ao dia a dia das pessoas comuns aparecem com um pouco mais de destaque.