Depois de passada parte da empolgação por estarmos vendo novamente os personagens de “Dragon Ball Z”, e ainda no cinema, vem o balde de água fria. O filme pode ser resumido em uma hora de piadas fracas e 15 minutos de pancadaria que, além de tudo, não chega aos pés do que a série já mostrou. Uma pena.
O filme começa com o despertar de Bills, o deus da destruição. Por uma razão meio genérica, ele acaba colocando os Sayajins da Terra como alvo prioritário. Ao mesmo tempo, Bulma está dando uma festa de aniversário, o que serve como desculpa para colocar todos os personagens que tiveram algum destaque na série juntos. Uma vez na Terra, Goku e os demais guerreiros acabam entrando no caminho. E, bem, se você já viu “Dragon Ball”, não precisou desse parágrafo para adivinhar o que iria acontecer.
Parte do problema, no grande esquema das coisas, é que a produção insistiu que o filme integraria o cânone da série – a maior parte dos longas e médias não se passam em algum momento específico, ficando à margem do que aconteceu -, entre a saga “Z” e a “GT”. Isso dá abertura para muitas questões. Por exemplo, onde estaria Ubu, a reencarnação de Majinbu? Ou por que eles não repetem a técnica usada nesse filme quando se encontram com inimigos mais poderosos depois?
Porque, em tese, Bills seria um dos seres mais poderosos que eles já enfrentaram. E, como eles conseguem – mal e mal – encará-lo, o segredo vencer para todos os outros desafios mostrados em “GT” seria apenas repetir essa técnica. Tudo o que é mais interessante no filme é colocado em segundo plano. A relação entre Bill e Freeza, primeiro grande inimigo de Goku; ou dele com o passado dos Sayajins; ou ainda a história do Deus Super Sayajin, que, por si só, renderia um filme bem melhor do que esse.
Mas, ao invés disso, o que vemos é uma sequência que parece interminável de diálogos constrangedores. Até mesmo para o padrão da série. A coisa ainda se salva um pouco porque Bills não faz o gênero de vilão caricato, malvadão, superpoderoso e ambicioso. Ao contrário, parece bem amigável na maior parte do tempo.
Se as imagens não bem bonitas e atendem bem ao propósito do animê – além de serem bem transportadas para a tela de cinema -, elas só aumentam a expectativa para a batalha final, que deveria ser catártica. Deveria. Mas não é. Além de curta, é mais focada nos diálogos – não custa repetir – vexaminosos, do que nas estratégias de luta de Goku, ou no embate de poderes, que poderia ser melhor aproveitado, com o espaço da tela grande.
No final, ao se comprimir em pouco mais de uma hora, “Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses” se tornou uma amostra de tudo o que era ruim, do ponto de vista narrativo, na série. A questão é que era mais tolerável porque, primeiro, são episódios de 25 minutos e, segundo, éramos recompensados com batalhas verdadeiramente épicas.
Melhor mesmo é ficar com “Dragon Ball Kai”, versão `resumida` de “Dragon Ball Z”.
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Publicado originalmente no Portal POP.