Política é a palavra de ordem do segundo episódio desta quinta temporada de “Game of Thrones”. Se o capítulo anterior indicava um reposicionamento das peças do tabuleiro, agora é hora de traçar a estratégia. São arranjos que servem para dar um novo propósito para personagens que até então estavam sem rumo claro.
São três os grandes movimentos dessa vez: a ascensão de Jon Snow dentro da Patrulha da Noite; a falha de Daenerys Targaryen em compreender o povo recém-conquistado de Meereen; e a tomada de poder de Cersei Lannister agindo em nome de seu filho mais novo, o atual ocupante do Trono de Ferro. Ao mesmo tempo vemos Jaime Lannister começar sua jornada rumo a Dorne para resgatar sua filha/sobrinha, mantida prisioneira por Doran Martell, irmão de Oberyn morto no final da última temporada, e o encontro casual entre Brienne de Tarth com Sansa Stark em companhia de Lord Baelish.
Pelo que já vimos até aqui fica bem claro que Daenerys ficará ocupada com Meereen nesta temporada, tentando entender como conciliar escravos e ex-senhores. Do ponto de vista estético, inclusive, a cena em que ela comanda uma execução pública, com cada uma das facções aglomeradas de cada lado no centro da cidade, é uma das mais interessantes do episódio. Ela não poderá seguir conquistando o mundo se não deixar para trás uma sociedade minimamente organizada, o que também quer dizer que começa seu aprendizado em relação ao que significa ser uma Rainha de verdade.
Algo semelhante começa a acontecer com Cersei, que é questionada em relação à legitimidade de estar comandando o reino. Até agora ela não viu as consequências de seus desmandos lhe atingirem por ter seu pai ou seu irmão para limpar a bagunça (ainda que ela mesma não reconheça isso). Seu ódio em relação a Tyrion e a vontade orgulhosa de assumir o lugar de Tywin como a herdeira legítima do protagonismo dos Lannister em Westeros são a fagulha que pode iniciar uma grande explosão mais para a frente (e o fato dela estar no centro do flashback que abre esta quinta temporada parece corroborar isto).
O título deste episódio, “The House of Black and White”, sugere um contraponto ao nebuloso clima de conspiração e manobras políticas que deu o tom geral até aqui. A tal Casa do Branco e Preto é o destino da jornada de Arya Stark em Bravos, que, assim como Dorne, aparece pela primeira vez na série, onde ela espera receber abrigo e treinamento para cumprir sua missão de matar todos os que fizeram mal a sua família. Apesar de possuir uma dinâmica e regras próprias, lá é um lugar de relações muito mais simples do que em todo o resto de Westeros.
Ainda que tenha uma certa dinâmica que mostra um avanço em relação ao primeiro episódio da temporada, “The House of Black and White” não parece estar a altura da média de “Game of Thrones” como um todo, com as revelações-bomba praticamente em todo capítulo. Tudo indica que há uma mudança na dinâmica da própria série, que pode estar trabalhando para ir aos poucos aumentando a tensão narrativa, semana a semana, até chegar a um clímax mais para o final.
Essa é uma estratégia que faz parte de “Game of Thrones”. Os penúltimos capítulos, em geral, contém uma grande batalha, como a da Água Negra ou a da Muralha, ou um grande momento dramático, como o julgamento de Ned Stark ou o Casamento Vermelho. Ainda assim cada episódio costumava conter um pequeno clímax encerrado em si mesmo, coisa que ainda não aconteceu nesta temporada.
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Publicado originalmente no Portal POP.