Para quem nunca tinha feito uma dublagem de animação na vida, assumir a voz do Peabody, de “As Aventuras de Peabody e Sherman” deve ter sido um belo desafio para Alexandre Borges. Isso porque o personagem não apenas usa um monte de palavras difíceis, como as fala bem rápido também. Mas vamos começar pelo começo.
“A animação conta a história do cachorro mais inteligente do mundo [Senhor Peabody], superdotado, que fala, que anda, é um cientista consagrado, pinta, é gourmet, mas chega um momento na vida dele, por conta da idade, até um pouco parecida com a minha, ele sente falta de ter uma família, e resolve adotar um menino. Aí fica aquela discussão, `como você vai adotar um menino, você é um cachorro!`,” disse o ator em entrevista por telefone para o POP.
“É aí que ele consegue adotar o Sherman. E ele cria o Sherman passando seus valores, já que é um cara intelectual, e quando o filho chega na idade escolar, ele resolve que para ensinar o filho sobre o mundo ele cria uma máquina do tempo, para mostrar o que aconteceu na história,” continua o ator. Claro que, como é uma animação, tudo envolve um interesse romântico – para Sherman -, que começa como antagonista e, claro, é quem os coloca em uma enrascada através do tempo e do espaço.
“Nisso vão se estreitando os laços, tanto do Sherman e da Penny, tanto do Peabody com o filho, que vai se soltando mais, relaxando (…) é um pouco esse amor, que é o mais importante de tudo, tanto do cachorro com o menino, quanto do menino com o cachorro.” Fica claro, então, de onde vem a aproximação de Borges com o personagem. Afinal, ele também é pai e sofreu a dor e a delícia da paternidade, assim como o Senhor Peabody. Não é por acaso que diversas vezes, ao longo da entrevista, ele menciona o prazer de curtir animações com suas crianças.
“O filme tenta aproximar a criança com essa coisa da história, primeiro com humor, por ser uma comédia, porque aparecem muitos personagens históricos, e com essa coisa da ciência, por conta da física, da viagem do tempo, da relatividade, de uma forma de aventura. O lado científico aparece de uma maneira despreocupada,” completou, reforçando o viés educacional.
Mas e quanto à experiência de dublagem? “Tentei, aos poucos, me desvincular da voz original, que me serviu mais para saber o ritmo que eu teria que ter para cumprir aquela sincronia (…) Fui me aproximando do personagem conforme eu fui dublando. Alguns momentos eu voltava e repetia uma cena que depois eu achava que havia entendido melhor.”
“Como o filme mostra uma naturalidade no fato dele ser cachorro, ao mesmo tempo em que conhece o DaVinci, cozinha, faz equações matemáticas, então eu não tive uma preocupação de fazer uma voz diferente da minha. O que eu procurei foi dar nuances na evolução dele como pai e como ele se tornou mais maleável, mais humano, curtindo a paternidade,” finalizou.
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Publicado originalmente no Portal POP.