Depois de encerrar o capítulo da semana passada com choque, horror e muito debate sobre o quanto Sansa poderia sofrer mais, “Game of Thrones” volta à dinâmica do começo dessa temporada neste sétimo episódio. Agora, porém, os diversos impasses que se estendem começam a chegar ao ponto de saturação, que deverá ser seguida de uma reação violenta em algum ponto.
Com a exceção do destino de Cersei, que estava meio óbvio para todo mundo menos ela própria, o ponto de saturação ainda não chegou para a maioria. Stannis, por exemplo, começa a perder suas tropas para o rigoroso inverno que finalmente dá as caras em Westeros, o que dá uma vantagem para os Bolton que irão se aproveitar da vantagem territorial para defender Winterfell. Isso dá uma certa tranquilidade para o ex-bastardo Ramsay, que pode continuar abusando de Sansa, cujos horrores não se limitaram à noite de núpcias. Enquanto isso, Brienne aguarda um sinal, que poderá nunca chegar.
Outras tantas aparecem ao longo do episódio. Olenna tem uma série de encontros infrutíferos para tentar libertar seus netos da prisão da Fé Militante. Sam fica sozinho na Muralha, já que Jon parte em missão para salvar o Povo Livre e os anos do Mestre Aemon finalmente ficam pesados demais para ele. Jaime finalmente se encontra com sua sobrinha/filha, que não quer ser resgatada. Ainda em Dorne, as Sand Snakes e Bronn entregam a melhor cena, que não altera sua condição, já que seguem presos.
Aliás, um aparte sobre esta cena. Bronn canta em sua cela a absolutamente desrespeitosa “The Dornishman’s Wife”, sobre como ele pode morrer feliz já que provou de uma mulher de Dorne. Tyene o aplaude e logo começa um jogo de sedução que poderá ser fatal para o mercenário. Note, ao assistir à cena, como ela usa sua sensualidade como forma de chamar atenção para sua habilidade como guerreira, para então se reafirmar como mulher. Isso é uma inversão profunda de praticamente todas personagens femininas de “Game of Thrones”, acostumadas a usar charme e sexo para manipular os homens no poder.
Ao final dessa sequência, Tyene entrega um presente para Bronn, que o salva de seu destino. Essa é outra consonância temática do episódio. Mesmo que seja Tyrion Lannister o tal presente do título, entregue à Daenerys (que finalmente poderá ter uma mente analítica ao seu lado), alguns outros são entregues ao longo do capítulo. O mais delicado é o de Gilly para Sam, enquanto o mais cruel é o de Melisandre para Stannis, que precisará repetir o gesto de Isaac na Bíblia para provar sua fé e assim vencer a vindoura batalha. O segundo mais cruel é o de Ramsay para Sansa, que destrói suas esperanças de escapar.
Por fim, a troca de presentes em King’s Landing. Cersei entrega um prato de sopa fria para Margaery que segue presa, só para depois finalmente sofrer o mesmo destino. É a prova final de que sem seu pai ou irmão para limpar sua bagunça, ela não teria como se salvar de si mesma. A profecia de sua juventude que abriu essa temporada ecoa diretamente agora. Enquanto isso, Lord Baelish e Olenna presenteiam um ao outro com uma aliança tão surpreendente quanto eficiente.
O resultado disso tudo é o total enfraquecimento de King’s Landing, o que pode resultar em uma grande oportunidade para Daenerys ou Stannis. Ou quem quer que esteja de pé depois dos conflitos que deverão se seguir até o final dessa temporada.
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Publicado originalmente no Portal POP.