Divertido, “Meu Malvado Favorito 2″ tenta resolver questões desnecessárias

Em 2013 já não cabe mais questionar o porquê de se fazer uma continuação de um sucesso cinematográfico. A questão maior é: qual história será contada? No caso específico de “Meu Malvado Favorito 2″ existem, basicamente, três conflitos apresentados para Gru, agora que ele não é mais um vilão e aceitou bem o fato de ter que cuidar e dar carinho para três lindas garotinhas.

O primeiro envolve seu trabalho. Afinal, o que ele irá fazer agora? Não dá para ser um super-vilão e criar três filhas. A segunda é relativa ao crescimento das meninas, com a mais velha se interessando por garotos e coisas do gênero – o que, logo, será imitado pelas outras duas. E, por fim, a necessidade de uma figura materna, que coloca Gru em maus lençóis, já que ele não tem muito trato com mulheres.

Das três, que são abordadas e minimamente desenvolvidas, a que predomina, por um estranho motivo, é a terceira. E ainda que pareça natural para a maioria das pessoas, a “necessidade de uma mãe” evoca um conservadorismo que soa reacionário demais hoje em dia. As meninas parecem estar bem criadas, se desenvolvendo individualmente, com suas necessidades atendidas, dispondo de atenção, tempo e carinho de Gru. Mas, aparentemente, elas “precisam” de uma mãe. Infelizmente, esse é o gancho narrativo mais fraco, que gera o desfecho mais bobo. O que não compromete o filme como um todo. Tudo é desenvolvido com uma certa calma, com um desenrolar narrativo que faz sentido.

Parte do que fez do primeiro um sucesso, que são os Minions, os ajudantes amarelos, atrapalhados e de voz esganiçada, ganham ainda mais importância e espaço neste segundo, meio que já fazendo sala para o vindouro filme que é inteiramente dedicado à eles. Não há cena em que eles não estejam envolvidos, nem que seja no fundo, fazendo alguma graça. E fica bem difícil segurar a gargalhada na maior parte do tempo. Uma pena, apenas, que algumas dessas cenas estejam lá apenas por serem engraçadas, sem grande relevância narrativa, como o Minion que se apaixona pelo interesse amoroso de Gru – em uma sequência hilária – e depois não aparece mais.

Os outros personagens seguem interessantes e divertidos, desde o próprio Gru até as três garotinhas, passando pelas novidades como Lucy, a agente que recruta o ex-vilão para uma nova missão, e Eduardo, o dono do Restaurante Mexicano – em uma dublagem ótima de Sidney Magal. Mas é uma pena que eles ganhem espaço em cima das três crianças (a do meio praticamente não possui falas), que, especialmente a mais nova, roubam todas as cenas em que aparecem, tamanha a fofurice.

O resultado final, com todos os personagens adoráveis, com todas as risadas, é mais do que agradável, no conjunto. Mas, do meio para o fim, quando o filme se torna previsível um pouco além da conta (ao menos para os adultos), com algumas questões um pouco forçadas, fica claro que ele perde a oportunidade de se tornar um neo-clássico, assim como o original foi. Falta a coragem de quebrar certos paradigmas, que já nem são tão paradigmáticos assim.

Publicado originalmente no Portal POP.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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