“Frankenstein: Entre Anjos e Demônios” carrega nas cenas de ação

Frankenstein - entre anjos e demônios

A melhor coisa que dá para falar de “Frankenstein: Entre Anjos e Demônios”, é que ele respeita bastante o que foi estabelecido em “Frankenstein”, clássico de horror escrito por Mary Shelley. O que quer dizer que entusiastas do cânone (eu incluso) não deverão se descabelar loucamente quando o monstro for chamado de Frankenstein – não é, em momento algum.

Isso porque a trama do filme começa com o final do romance. Enquanto o monstro – vamos chamá-lo de Adam, que é como ele é batizado algumas cenas para frente – enterra o corpo do bom doutor Victor von Frankenstein, ele acaba atacado por demônios, interessados nele. Mesmo lutando bravamente, quem o salva são gárgulas (porque anjos estão fora de moda). E é aí que ele descobre que está no meio de uma guerra ancestral, que é tão secreta quanto crucial para a humanidade.

Adam Frankenstein segue o caminho do herói relutante. Ele não quer fazer parte dessa guerra, apesar de ser uma peça central nela. Até que, 200 anos depois, ele finalmente decide dar um basta nisso tudo. E aí o filme encontra sua verdadeira vocação, que são as cenas de ação e pancadaria. Até há um pano de fundo dramático, envolvendo uma cientista, vivida por Yvonne Strahovski, e as duas lideranças, Gárgula e Demoníaca, personificados por Miranda Otto e Bill Nighy, respectivamente, mas isso nunca dura muito tempo e logo já dá espaço para uma nova sequência de confronto físico. Coisa que o público agradece.

Se esse universo, de estética soturna e o fato de haver uma guerra mística ancestral, entre duas facções opostas, uma delas comandada por Bill Nighy, te parece familiar, existe um motivo. E esse motivo é Kevin Grevioux, responsável pelo roteiro de “Anjos da Noite”, franquia que tem os mesmos elementos. Ele é o responsável pelos quadrinhos originais, “Eu, Frankenstein”, além de ter co-escrito o roteiro junto do diretor, Stuart Beatie. Por isso o resultado é tão parecido, ainda que um bocado mais satisfatório por aqui.

Aaron Eckhart faz o Monstro de Frankenstein da geração “Crepúsculo” – e é até engraçado ver a jovem cientista se apaixonar de verdade quando vê sua barriga de tanquinho. Mas, ainda assim, estamos falando de um ator com um bocado de recursos dramáticos. O que quer dizer que o Adam Frankenstein de Eckhart, ainda que não seja a interpretação definitiva do monstro, ainda carrega um peso e uma carga suficiente para que nós nos importemos com ele. E isso é o pré-requisito mais básico para o sucesso de um blockbuster de ação.

Publicado originalmente no Portal POP.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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