Game of Thrones – The Red Woman

Game of Thrones - The Red Woman

Texto com spoilers. Leia por conta e risco.

O chocante final da quinta temporada encontra ecos Westeros afora. Pessoas próximas ao poder não concordam com as atitudes dos líderes e operam um sangrento golpe. Exatamente o que aconteceu em Meeren com os Filhos da Harpia atacando Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e na Muralha com Jon Snow (Kit Harrington), também acontece em Dorne e acontecerá também, pelo que tudo indica, em King’s Landing. Em todos estes casos a diplomacia política dá lugar ao preconceito, aversão à mudanças e sede de vingança, o que é uma das temáticas centrais de toda série.

Esta é, também, uma forma de nos guiar pelos capítulos, que vão se tornando mais e mais episódicos na medida em que é preciso cobrir tramas ainda absolutamente separadas. A narrativa se espalhou por Westeros de tal forma que cada história possui pouco mais de alguns minutos de cena. Da Muralha para Winterfell, para King’s Landing, para Meeren, para Braavos, para Dorne e, finalmente, de volta à Muralha. As traições ecoam entre si alternadas com cenas de ação ou dramas mais pesadas, para nos fazer lembrar que ainda estamos vendo uma mesma história.

Mas estamos vendo uma mesma história? A pergunta é importante menos pelos desdobramentos políticos e mais por uma sutil mudança de tom envolvendo algumas sequências bem específicas. A que mais chama atenção envolve o diálogo entre Khal Moro (Joe Naufahu) e seus assessores diretos na hierarquia Dothraki. É um humor rasgado que ainda não tinha dado as caras em Game of Thrones. Não é que a série seja desprovida de humor como um todo; é mais uma questão de que essa não é exatamente a linguagem que estamos acostumados. A impressão é de ver uma esquete do SNL inserida em Game of Thrones.

A brevidade de cada passagem faz o episódio ter um tom mais recapitulatório. São poucas as cenas que fazem a trama andar, o que é importante considerando que estamos no meio de uma longa saga e que ficamos um ano sem ter contato com estes personagens e seus dramas. Ainda assim há suas recompensas. O golpe em Dorne, o duro diálogo entre Cersei e Jamie Lannister (Lena Headey e Nicolaj Coster-Waldau), que choram pelos filhos mortos – e se enchem de fúria no processo –, a perseguição a Sansa Stark (Sophie Turner) seguida de uma intensa luta de espadas, o começo do novo treinamento de Arya Stark (Maisie Williams) e os sempre afiados diálogos entre Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e Varys (Conleth Hill).

São sequências que paradoxalmente conseguem ser melhores do que o episódio completo, que pelo seu olhar panorâmico dá uma volta de 360 graus e nos devolve ao começo: a Muralha. Lá os poucos soldados fieis à Jon Snow decidem o que fazer junto a Sor Davos Seaworth (Liam Cunningham). Enquanto isso Lady Melisandre (Carice van Houten) busca entender o que há de errado em suas visões do fogo, que atestavam um futuro onde Snow conquistaria Winterfell.

The Red Woman se encerra com Melisandre revelando sua verdadeira forma, o que lhe dá o peso de seus muitos e muitos anos. Não há muitos indícios para saber o que isso significa. Ela está concentrando suas forças para algum ato? Seria o esperado renascimento de Jon Snow? Ou ela simplesmente está abandonando o árduo trabalho de conduzir as lideranças de Westeros? Com sorte saberemos mais no próximo domingo.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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