O desafio de Richard Linklater, diretor e roteirista de Boyhood: Da Infância à Juventude, não foi nada menos do que hercúleo. Por mais de uma década ele separou algumas semanas para, uma vez por ano, filmar uma parte da história de Mason (Ellar Coltrane), sua família e amigos. O resultado é uma espécie de épico doméstico americano, com foco nessas pessoas do Texas, que se desdobra sobre si mesma ao longo de 12 anos. Leia mais
Arquivooutubro 2014
A premissa de Locke, um homem que fica fechado dentro de um carro enquanto sua vida desmorona, parece indicar um filme existencialista, recheado de reflexões, ou um suspense, com a vida de um familiar em jogo ao mesmo tempo em que o protagonista está preso no trânsito. Ledo engano. O trabalho pode ser entendido como ambas as coisas ou nenhuma delas. O resultado é, sem dúvidas, um exercício de cinema como pouco se vê. Leia mais
A violência é tema recorrente do cinema por ser parte fundamental daquilo que nos torna humanos. Qualquer passada de olho em jornais ou redes sociais comprova isso. O argentino Relatos Selvagens, dirigido por Damián Szifrón, é mais um dos que partem dessa temática para construir sua trama. E se destaca por conseguir entender que a violência se manifesta de formas mais amplas e profundas do que um clássico soco na cara. Ainda que a vingança seja sua manifestação mais recorrente e por isso mais explorada no filme.
De tempos em tempos alguém acha que explicar um personagem profundo é uma boa ideia. Fizeram com Darth Vader e com Hanibal Lecter, para destacar dois grandes vilões do cinema (só deixam o Coringa em paz por um milagre). O malvado da vez é o Conde Drácula, o famigerado Vlad, o empalador, o que faz com que os problemas de Drácula: A História Nunca Contada comecem já na carta de intenções. Leia mais
Já na saída da exibição para a imprensa de O Juiz um colega comentava sobre o quão repetitivas eram essas tramas de volta às raízes de que o filme se alimenta. Há um bocado de razão nisso. A sorte é que, primeiro, essa é uma estrutura formal de roteiro que rende sempre boas histórias humanas e, segundo, neste trabalho em específico, responde apenas pela superficialidade imediata da trama.
Os primeiros cinco minutos de Festa no Céu enganam. Os personagens são caricatos e irritantes e as situações são tão previsíveis que a vontade é se levantar ou dormir. É preciso resistir. O filme só começa depois desse preâmbulo que só parece existir para justificar as escolhas estéticas e ganhar alguns minutinhos de tela. O que vem depois é tão bonito que você fica se perguntando se não tinha outra solução para a abertura.
Quando uma coisa é maquiada para parecer melhor em uma vistoria, aqui no Brasil, falamos que é “para inglês ver”. O que transforma Trash: A Esperança Vem do Lixo em uma espécie de piada pronta conceitual, já que dois ingleses, Stephen Daldry e Richard Curtis, diretor e roteirista respectivamente, resolveram fazer um comentário (superficial) sobre a miséria e a política brasileiras.
Tome como base as últimas adaptações de livros de John le Carré: Em 2001 foi O Alfaiate do Panamá, de John Boorman; em 2005, O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles; e em 2011, O Espião Que Sabia Demais, de Tomas Alfredson. Por isso o anúncio de O Homem Mais Procurado gerou bastante expectativa, ainda que – veja bem – boa parte do exercício de crítica envolva suprimir a expectativa e a ansiedade antes de um filme. Adianto agora que esta nova versão para os cinemas está, pelo menos, na média de seus antecessores. O que, convenhamos, é mais do que muitos filmes conseguem chegar.
A épica abertura de Anna Karenina, clássico de Tolstoi, se aplica muito bem à Garota Exemplar: “Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira”. Abro esse texto com essa frase porque os Dunne, que estão no centro da trama do filme, são infelizes de um jeito particularmente único. O resultado é um thriller que da mesma forma encontra poucos pares na história do cinema. Especialmente o contemporâneo.
Os outros trabalhos do estúdio Laika, Coraline e o Mundo Secreto e ParaNorman, já traziam um discurso engajado em suas tramas. Especialmente o segundo, que coloca, por exemplo, um personagem abertamente gay para o centro da trama. Mas agora, com Os Boxtrolls, eles resolveram fazer – com muita graça diga-se – uma declaração aberta de intenções.