Game of Thrones – S07E05 – Eastwatch

Game of Thrones Eastwatch

Texto cheio de spoilers. Leia por sua conta e risco.

Depois de um episódio tão impactante quanto The Spoils of War, Game of Thrones entrega o esperado: um momento mais morno, com os personagens lambendo suas feridas recentes e traçando as últimas estratégias e derradeiros planos de ação. Estamos, afinal, cada vez mais próximos do clímax da trama, quando o jogo dos tronos irá de fato apresentar seu vencedor. O que não quer dizer que este seja um episódio sem acontecimentos relevantes. Pelo contrário.

A reorganização, neste ponto da trama, está na busca pela união diante da ameaça maior que são os White Walkers, o exército de mortos que marcha em direção ao Sul de Westeros. A missão atual da recém-formada aliança entre Jon Snow e Daenerys Targaryen (Kit Harington e Emilia Clarke) tem o objetivo de convencer Cersei e Jamie Lannister (Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau) de que os zumbis de gelo são reais e implicam no fim da vida humana como conhecem. Mas a atual ocupante do Trono de Ferro recebe a notícia com uma calma pouco usual.

A torrente de ódio e rancor que Cersei direcionou para a sua manutenção no poder e vingança contra aqueles que lhe fizeram mal é trocada por uma serenidade que ela raramente demonstrou. Logo descobrimos, claro, que ela estaria grávida de um quarto filho, o que, em tese, lhe daria esperança. A ambição de governar Westeros por um capricho da vaidade Lannister teria sido trocada pelo sonho de ter um herdeiro para quem deixar o Trono de Ferro. Essa fé justifica a criação de uma tênue aliança com Daenerys na expectativa de, no mínimo, ganhar tempo para salvar o próprio pescoço.

Há algo de estranho, porém. Game of Thrones estabeleceu um universo em que profecias são coisas sérias e a que mapeia o destino de Cersei, em um dos raros flashbacks da série, deixou claro que ela só teria três filhos. Ou ela está mentindo em uma jogada para manipular Jamie, com medo do retorno da influência de Tyrion (Peter Dinklage), ou ela morrerá antes mesmo de dar à luz. Parte da profecia estabelece que ela será morta por irmão, o que alimentou boa parte de seu ódio para o pobre Anão.

Não é o único diálogo cheio de nuances do episódio. A tensão entre as irmãs Sansa e Arya Stark (Sophie Turner e Maisie Williams) começa a aparecer agora que a saudade de quem elas foram um dia é aos poucos substituída pela realidade de quem se tornaram. A hábil estadista e a assassina aprenderam a desconfiar de tudo e de todos e não irão pegar leve uma com a outra. A animosidade se desdobra com o jogo de gato e rato entre Arya e Lord Baelish (Aidan Gillen).

Arya segue Mindinho enquanto ele consegue uma informação vital sobre Sansa. A reviravolta final está em vermos que Lord Baelish está o tempo todo ciente das movimentações da assassina. Para ele é um jogo de ganha-ganha, afinal. De posse da mensagem que Sansa enviou ainda na primeira temporada – ela implorava à mãe e irmãos que fossem para King’s Landing dobrar o joelho diante de Joffrey (Jack Gleeson), depois da morte de seu pai, Robert Baratheon (Mark Addy) – ele pode minar a confiança dos Lordes dos Norte em Sansa. Com a mensagem nas mãos de Arya, ele pode abalar ainda mais a relação entre as irmãs. Há sempre um cenário em que ele pode sair vitorioso.

Por fim, e talvez o mais importante até aqui, estão as novas reafirmações da linhagem de Jon Snow. Na primeira, Drogon, o maior dos dragões de Daenerys, se deixa ser tocado pelo jovem Rei do Norte, algo que só aconteceria caso ele tivesse sangue Targaryen. A série vem trabalhando com essa possibilidade, especialmente depois da visão de Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) mostrando o fim da guerra que colocou Robert no Trono de Ferro. A cena de Jon com Drogon é tanto uma reafirmação disso, quanto uma antecipação de outro, ainda mais sensível.

O diálogo entre Samwell Tarly e Gilly (John Bradley e Hannah Murray), indicando que Rhaegar Targaryen teria se separado legalmente para se casar novamente com Lyanna Stark – que foi completamente ignorado por Sam, preocupado com sua própria desimportância – é talvez a mais importante informação em todos os Sete Reinos. Caso seja verdade, Jon Snow não apenas seria um Targaryen, como um legítimo Targaryen, mais próximo da linha sucessória do que a própria Daenerys.

Mas, como me disse certa vez um amigo quando mencionei a questão sucessória em relação ao Trono de Ferro, pouco importa. Quem juntar o maior exército e tiver apoio dos Lords e do povo será rei/rainha. Por outro lado, Game of Thrones gosta de brincar com alguma ideia de destino também.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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