Para que serve James Bond em um mundo que não está mais polarizado entre duas superpotências atômicas? Essa é a pergunta-chave para colocar os quatro filmes do 007 protagonizados por Pierce Brosnan, no final da década de 90 e primeiros anos 2000, em perspectiva. E mais: pensar sobre essa pergunta ajuda a entender como esses mesmos quatro longas foram tão importantes para a consolidação da “era Daniel Craig”. Leia mais
AutorLuiz Gustavo Vilela
Os anos 80 já caminhavam para seu final, a Guerra Fria chegava a um acordo, que dava uma certa vitória moral para o ocidente, e, além do fato de Roger Moore já estar ficando velho, o mundo precisava de um James Bond um pouco diferente. O jeitão mais debochado dos últimos filmes não funcionaria em uma sociedade que via salas de cinema se encherem para assistir Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Leia mais
O nível de popularidade, depois dos filmes estrelados por Sean Connery (e George Lazenby, vai), de James Bond estava tão alto, que o primeiro com Roger Moore, “Com 007 Viva e Deixe Morrer”, garantiu ninguém menos do que Paul McCartney para compor e executar a música de abertura. Não que o ex-Beatle tenha feito mal negócio. “Live And Let Die” é, até hoje, uma de suas canções mais populares e conhecidas, especialmente fora do quarteto de Liverpool. Leia mais
Um sucesso literário não passa incólume pelo cinema. Daí a necessidade de se fazer um filme de James Bond, considerando o quanto os livros escritos por Ian Flemming centrados no personagem estavam vendendo na época, já em 1962. Chamaram Sean Connery, galã relativamente desconhecido, com apenas 32 anos e pinta de um Cary Grant britânico. A fórmula deu tão certo que ele reprisou o personagem outras seis vezes. Leia mais
Espião condecorado, arma central da inteligência britânica, além de muito inteligente e extremamente charmoso, tendo feito um imenso sucesso com as mulheres. Essas são características que são atribuídas, geralmente, a James Bond, o espião mais famoso da ficção ocidental. O que pouca gente sabe é que estes mesmos predicados são aplicáveis a seu criador, o ex-agente da inteligência britânica, escritor e jornalista Ian Fleming. Leia mais
Ferguson, Missouri, 2014. Michael Brown, um jovem negro de 18 anos, desarmado e sem nenhum antecedente criminal, é assassinado por um policial. Oakland, Califórnia, 2009. Oscar Grant, um jovem negro, é algemado com o rosto no chão e, ainda assim, é baleado por um policial. Mesmo 50 anos depois do movimento pelos direitos civis, que buscavam igualdade jurídica para negros nos Estados Unidos, as questões raciais seguem no centro do debate social e político norte-americano (e brasileiro, em diversos sentidos, convenhamos). “Straight Outta Compton: A História do N.W.A.” é sobre um dos pontos focais dessa história: o surgimento do N.W.A., grupo de hip-hop que levou a realidade das ruas para suas músicas, atraindo ódio e simpatia do resto do mundo em igual medida. Leia mais
Com “Sicario: Terra de Ninguém”, Denis Villeneuve entra para o seleto time de diretores autorais. Quando analisamos e comparamos suas obras, observamos a presença de uma temática persistente. Neste seu quarto filme, já começa a ficar claro quais são os temas que lhe interessam, que o motivam. Ou, em seu caso específico, os temas que tem trabalhado até aqui, de forma alternada. Em “Incêndios” e “Homem Duplicado”, a discussão era sobre a identidade, como ela se forma e como se mantém depois de um trauma. Já em “Os Suspeitos” e “Sicario”, a questão moral preenche a tela. Leia mais
A sequência que abre “Ponte dos Espiões” é impecável. Com uma precisão cirúrgica e numa impressionante economia de diálogos, Steven Spielberg nos conta tudo o que precisamos saber sobre Rudolf Abel (Mark Rylance), imigrante que é investigado e logo será preso por espionagem contra os EUA. A cena fica ainda mais importante para estabelecer o caráter do advogado James B. Donovan (Tom Hanks), que ficará responsável por defendê-lo em um tribunal democrático. Nós sabemos que Abel está recebendo e enviando informações clandestinamente para alguém (nunca fica claro se é a Alemanha Oriental ou a União Soviética). Donovan não, mas o defende mesmo assim. Leia mais
O primeiro plano de “Beasts of No Nation” é o que se chama de enquadramento dentro do enquadramento. A câmera está voltada para um jogo de futebol, observando através do quadro da moldura de uma televisão. “TV da imaginação”, como veremos Agu (Abraham Attah) descrever depois. Aos poucos a imagem abre para revelar outras coisas que estão em volta. Com isso, Cary Joji Fukunaga nos diz que há muito mais sobre a guerra africana do que irá aparecer no filme. Que o cinema de ficção não dá conta de uma realidade ainda mais dura e desesperadora do que a que veremos no filme. Leia mais
“Cuidado com a Colina Escarlate”, sussurra a aparição fantasmagórica nos primeiros minutos do filme. É um aviso sobre o futuro de Edith Cushing (Mia Wasikowska), ainda criança. Algumas sequências depois, a mesma personagem aparece falando que os fantasmas do livro que está escrevendo são uma metáfora para o passado. É importante para Guillermo del Toro, o diretor, deixar bem claro esse contraste entre o que a personagem central entende que são os fantasmas e o que eles fazem de verdade. É por isso, também, que ele está mais interessado na criação de um clima de tensão do que nos sustos fáceis que este subgênero, o filme de mansão assombrada, costuma evocar. Leia mais