“Missão: Impossível – Nação Secreta” revê mito

A forma como o suspense é construído na primeira sequência de “Missão: Impossível – Nação Secreta”, quinto filme da franquia que a gente já nem lembra que foi um dia baseada em uma série de TV, já dá o tom. A expectativa está na não explicada ausência de Ethan Hunt (Tom Cruise), que precisa impedir que um carregamento de armas químicas chegue ao seu destino. No último instante, claro, o agente aparece e protagoniza uma manobra alucinada e desesperada, que só ele poderia executar. Neste ponto, o espião é mais uma entidade do que um personagem e, dali em diante, praticamente cada cena irá servir para reforçar seu mito. Leia mais

“A Dama Dourada” evita a complexidade

Há uma série de estilos narrativos mais ou menos consagrados que se entrecruzam em “A Dama Dourada”. É um filme de guerra sob a ótica judia – um filme de holocausto, pois –, um filme sobre conflito de gerações e um filme de tribunal. Tudo temperado com aquela irresistível camada de veracidade que só o “baseado em fatos reais” pode trazer. O resultado é charmoso dentro do limite em que esse tipo de produção se sustenta, o que envolve a média do carisma de seus atores e a mão do diretor para dar ritmo e emocionar quando a trama pede. Leia mais

“Quarteto Fantástico” funciona sem os heróis

É possível que se este novo “Quarteto Fantástico” não tivesse que, em algum momento, se tornar um filme de super-heróis, com um mínimo de dilemas morais e batalhas cartunescas, o resultado final tivesse sido mais interessante. Os melhores momentos do filme estão em seu começo, que resgata o espírito de alguns clássicos dos anos 80, como “Viagem ao Mundo da Imaginação” (clima recriado recentemente em “Super 8”), e se desenvolve em uma ficção científica para toda a família. Mas tudo isso dura só até o ponto em que os personagens ganham suas novas habilidades sobre-humanas. Leia mais

E o Sangue Semeou a Terra

O que define um homem? O seu passado? Ou, mais especificamente, os atos que ele cometeu no passado? Essa é a pergunta que Anthony Mann quer responder em E o Sangue Semeou a Terra (The Bend of the River, 1952). A resposta é revelada com a colisão entre dois homens: Glyn McLyntock, vivido por James Stewart, e Emerson Cole, interpretado por Arthur Kennedy — idênticos na superfície e radicalmente opostos em seu âmago. Leia mais

“Belas e Perseguidas” se esforça, mas não chega longe

O currículo de Anne Fletcher não ajuda muito na hora de assistir a seu mais novo trabalho. Comédias românticas inócuas como “A Proposta” e “Vestida para Casar”, para ficar nos exemplos mais famosos, apostam em piadas fáceis, explorando estereótipos femininos. Mas “Belas e Perseguidas” tem a pretensão de ser diferente pela simples presença de Reese Witherspoon, atriz cuja produtora se dedica a filmes em que mulheres são retratadas de forma um pouco menos machista, como “Livre” ou “Garota Exemplar”. Leia mais

“O Exterminador do Futuro: Gênesis” dá frescor para uma franquia desgastada

Há uma elegância ímpar na forma como o roteiro deste “O Exterminador do Futuro” se articula para conseguir retificar toda a franquia que havia perdido o sentido por conta dos outros filmes e suas intervenções na linha do tempo. As opções narrativas são justificadas de forma relativamente sólida, dando um novo fôlego para uma trama que sofreu nas mãos de realizadores menos competentes. Leia mais

“Minions” conta a história dos ajudantes de “Meu Malvado Favorito”

A Universal se deu conta de que 90% do sucesso dos dois “Meu Malvado Favorito” se deu (injustamente) por conta dos Minions, os estranhos seres amarelos que dividem seu tempo entre atrapalhar Gru e atrapalhar uns aos outros. A consequência óbvia é um filme dedicado a eles, afinal, Hollywood sempre vai optar pelo mais popular mirando em nossos bolsos (e bonequinhos dos Minions vão vender como água). Mas, do ponto de vista artístico-narrativo, que é o que nos interessa aqui, isso nem sempre é uma grande ideia. Leia mais

“Jauja”, o faroeste existencial místico argentino

Quando se dá conta de que sua filha fugiu do acampamento com um jovem rapaz, Gunnar Dinesen (Viggo Mortensen) volta para sua tenda. Por um instante, ele considera partir em busca dela de pijamas, apenas com um revólver. Ele para, arruma sua farda, dispõe uma espingarda e um sabre sobre a cama. Só então é que resolve partir, sozinho, já que sua filha é sua responsabilidade. Esta cena, profundamente simbólica, ajuda a entender do que “Jauja”, do argentino Lisandro Alonso, é feito. Leia mais

“Enquanto Somos Jovens” faz duro ataque aos hipsters

O conflito de gerações está no centro de “Enquanto Somos Jovens”, o mais recente trabalho de Noah Baumbach a chegar aos cinemas brasileiros. Representando os novos velhos, estão Josh e Cornelia (Ben Stiller e Naomi Watts), recém-chegados à casa dos 40 anos e se sentindo em um limbo, já que não se sentem idosos, mas também estão desconectados da vida de seus amigos, com filhos. Do lado dos novos jovens estão Jamie e Darby (Adam Driver e Amanda Seyfried), vindos diretamente da cultura hipster, cheios de referências e cultuando discos de vinil, filmes em VHS e trabalhos manuais. Leia mais

“Divertida Mente” retrata com leveza o fim da infância

Quando sua vida não poderia estar melhor, com amigos, hóquei e uma família que a ama muito, Riley teve de se mudar para São Francisco, na Califórnia. Por mais que ela tentasse — e tentou muito —, nada a fazia ficar feliz. Sua nova escola, a distância dos velhos amigos, a falta de tempo dos pais, o horror da casa nova, tudo era simplesmente terrível demais. O resultado foi que ela se fechou em um estado de apatia, já que, no auge de seus 11 anos, todas essas mudanças eram simplesmente difíceis demais de processar. Leia mais