O fracasso de Cleópatra (1963) colocou em cheque a grande era dos estúdios de Hollywood. Os épicos e musicais, caros e trabalhosos, já não se conectavam com o público da mesma forma. Curiosamente, X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016), mega produção baseada em quadrinhos – sub-gênero herdeiro direto dos épicos e musicais – começa no mesmo Egito Antigo do clássico estrelado por Elizabeth Taylor. Não estou aqui defendendo que a nova aventura dos mutantes será o fracasso de bilheteria que porá fim aos filmes de herói de orçamento inchado – talvez seja Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016), mas a opulência da produção e a escala das imagens sugerem algumas semelhanças. Leia mais
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Poucas vezes o cinema combinou com tanta precisão forma e conteúdo quanto na execução de Steve Jobs (2015). Assim como com as obsessões pessoais do próprio Steve Jobs (Michael Fassbender), sempre na linha fina entre homem de negócios tecnocrata e artista, o roteiro de Aaron Sorkin e a direção de Danny Boyle operam sobre as diversas dualidades que marcaram a personalidade do fundador da Apple. Visionário e mitômano; gênio e fracassado; marcado pela adoção e relutante em relação à paternidade; aquele que mudou o mundo por saber o que as pessoas queriam (antes delas saberem o que queriam) e ainda assim era incapaz de entender seus próprios colegas de trabalho. Leia mais
Em diversos lançamentos do cinema comercial contemporâneo, a câmera em um leve contra-plongée – inclinada de baixo para cima – é uma escolha técnico-estilística. Serve tanto para esconder coisas que estão espalhadas no chão do set quanto para enquadrar melhor os atores. Em MacBeth: Ambição e Guerra (MacBeth, 2015), porém, é um lembrete de que estamos vendo uma história de pessoas que se colocam acima da vida ordinária. Que são nobres e não plebeus. Leia mais
O futuro mostrado na sequência de abertura de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” reforça a temática central da série, que é sua mensagem mais forte. A do absurdo da intolerância ao diferente. É por isso que começamos vendo uma espécie de campo de concentração para mutantes – aparentemente alijados de seus poderes – no meio de Manhattan.
Mesmo que reconte a história real de Solomon Northup, negro livre que é enganado e vendido como escravo, “12 Anos de Escravidão” é usado pelo diretor, Steve McQueen, como uma metáfora da condição dos afrodescendentes, especialmente nas Américas. O que faz deste um caso raro de filmes que, mesmo baseados na realidade, são mais importantes pelo seu valor simbólico.
A afirmação, “ainda que os negros estejam livres no papel, insistimos em mantê-los em condição subumana”, é categórica no filme. Daí a necessidade de imagens tão literais. McQueen quer deixar bem claro que a violência contra eles é, ainda, uma chaga aberta, como ficam as costas dos escravos depois de sessões de chibatadas. Mostrar isso de frente, com a luz bruxuleante dos lampiões não é sensacionalizar. É fazer um testemunho de fé.
O elementos dos melhores thrillers criminais estão todos lá. Ganância, trapaças, personagens de moral dúbia, tiroteios, assassinatos elaborados, mergulho no lado sombrio, arrogância e desespero. Mas “O Conselheiro do Crime” – péssima tradução para “Counselor”, que significa, pura e simplesmente, advogado – não deixa essas coisas em primeiro plano. O que fica escancarado são diálogos que oscilam entre o existencial e o alegórico. Nunca são expositivos – ou, mesmo quando são, apenas se revelam como tal várias cenas adiante. Isso não facilita a vida de quem assiste. Leia mais