Game of Thrones – No One

Game of Thrones - No One

Spoilers para todos os lados.

No One é, de longe, o mais anticlimático dos capítulos desta temporada de Game of Thrones. Talvez de toda a série. Há um curioso contraste entre os dois últimos, rápidos e cheios de revelações e reviravoltas, e este. O episódio não apenas foi modorrento: se recusou terminantemente a demonstrar qualquer cena que satisfizesse o espectador, seja visualmente através de uma batalha ou sequência de luta, seja narrativamente, por um diálogo que iluminasse alguma característica dos personagens.

Há a antecipação pela grande batalha que virá, claro. O próximo capítulo se chama Battle of the Bastards (Batalha dos Bastardos, em tradução literal), indicando o confronto direto dos poderios militares de Jon Snow e Ramsay Bolton (Kit Harrington e Iwan Rheon) pelo domínio de Winterfell. Mas ainda assim não justifica o quanto No One é deliberadamente pouco satisfatório em suas soluções. Especialmente quando lembramos que o último capítulo terá mais de uma hora de duração.

O tom anticlimático começa na sequência em que Sandor Clegane (Rory McCann) é impedido de se vingar apropriadamente, tendo que optar por uma morte limpa e rápida dos homens que devolveram o horror e a violência para sua vida. Tudo é assim. A tomada de Riverrun pelo exército Lannister e a morte de Blackfish (Clive Russell); a recusa de Cersei (Lena Headey) em se colocar diante do Alto Septo; e, claro, a sobrevivência de Arya Stark (Maesie Williams) e o retorno de Daenerys Targaryan (Emilia Clarke), que merecem um exame mais aprofundado.

Quando o episódio passado terminou, vimos Arya Stark caminhando cambaleante depois de ter sido ferida no abdômen pela garota sem nome (Faye Marsay). Ela reaparece agora precisando de ajuda, colocando em perigo a pessoa que tinha acabado de salvar, só para ser atacada novamente e, de alguma forma, atrair sua algoz para uma armadilha. Nunca chegamos a descobrir se ela teve sorte ou se foi premeditado. Mas mesmo esta estrutura confusa poderia ter sido perdoada se tivéssemos a oportunidade de ver o enfrentamento entre as duas, o que não acontece.

Algo semelhante acontece em Meereen. Tyrion Lanister (Peter Dinklage) se despede da única pessoa capaz de lhe fazer frente em uma conversa articulada, Varys (Conleth Hill). A solidão o faz tentar uma conversa leve com Missandei e Grey Worm (Nathalie Emmanuel e Jacob Anderson), que ocupa dolorosos minutos que se tornam ainda mais preciosos quando nos damos conta que poderiam ter sido usados para a chegada triunfal de Daenerys – ou, quem sabe, um dragão atacando com jato de fogo nos barcos que atacam a cidade. Ao invés disso, tivemos esta longa conversa que nos mostra absolutamente nada que já não sabemos sobre estes personagens.

De No One resta apenas o interesse de saber quais rumores teriam sido confirmados por Qyburn (Anton Lesser) à Cersei. Seguramente algo envolvendo o destino do Trono de Ferro e da Fé Militante. Ou ainda a curiosidade de saber qual será o papel de Brienne de Tarth (Gwendoline Christie) e Clegane, agora junto da irmandade, nas guerras que virão. Tirando isso, todo o interesse deste episódio envolve a espera pelo próximo.

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Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela é jornalista formado pela PUC-Minas, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, mestre e doutorando em Comunicação e Linguagens pela UTP. Entre 2011 e 2015 foi crítico de cinema no Portal POP.

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