Como é controlada por contadores e executivos que pouco entendem ou sequer gostam de cinema, uma das características mais básicas de Hollywood é a predação. Se algo faz sucesso em uma mídia, o investimento e o retorno são mais seguros do que apostar em uma ideia nova. Daí que a fórmula de sucesso na Broadway, com temática de fantasia, de Caminhos da Floresta pareceu certeira. Mas Rob Marshall não consegue se afastar o suficiente da versão para os palcos e criar algo que se sustente enquanto filme. Leia mais
Arquivojaneiro 2015
Tim Burton fez em Grandes Olhos o seu melhor filme em anos. Sem dúvidas o mais interessante desde Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, de 2003. É curioso que este também seja um dos trabalhos mais distantes dos seus típicos maneirismos estéticos, que basicamente resgatam de forma cartunesca o expressionismo alemão de diretores como FW Murnau e Fritz Lang. Leia mais
A maior parte das cinebiografias precisa lidar com uma armadilha bastante perigosa: a tentação de querer contar toda a história de vida de uma pessoa sem apresentar um recorte claro. No papel, A Teoria de Tudo se salva por contar a história de Stephen Hawking (Eddie Redmayne), uma das maiores mentes da Física e que sofre da Doença de Lou Gehrig, do ponto de vista de sua esposa, Jane (Felicity Jones), já que é baseado na autobiografia dela. Mas é justamente por desviar sua atenção dela, dando atenção demais aos momentos marcantes da vida dele, é que o filme não funciona. Leia mais
O ponto seminal da reinvenção da carreira de Liam Neeson como herói de ação tardio foi Busca Implacável. A produção de 2008 foi também uma grata surpresa na mesmice do cinema de ação, trazendo um pai, ex-operativo da CIA, que não media esforços para resgatar a filha sequestrada por um cartel de tráfico sexual na Europa. As muitas qualidades desse primeiro trabalho — o estilo de filmagem à la Trilogia Bourne, o roteiro relativamente bem amarrado, os diálogos tão bregas quanto saborosos e o peso de Neeson para o personagem — compensavam todas as fragilidades. Se a empolgação causada pelo primeiro filme ainda deu gás para segurar o segundo. Mas não este terceiro. Leia mais
O último filme de Jean-Marc Vallée, Clube de Compras Dallas, já trazia o tom de história real como base para uma revelação metafórica. O que, no filme em questão, significou colocar um cowboy machão e homofóbico se descobrindo contaminado pelo vírus HIV. Isso, nos anos 80, implica em vestir a pele do excluído, já que a Aids era conhecida como “a doença gay”. Livre, o trabalho seguinte do diretor, vai mais ou menos pelo mesmo caminho. Leia mais
A primeira coisa que salta aos olhos em O Abutre é o mergulho dado por Jake Gyllenhaal em seu personagem, Louis “Lou” Bloom, uma figura que abraça a perversão da lógica do sonho americano como pouco se viu no cinema. Isso também se estende em menor escala para Rene Russo, que na pele da editora de TV Nina Romina fica deslumbrada com as imagens da violência da madrugada de Los Angeles capturadas por Bloom e especialmente com a audiência vinda à reboque. Logo fica claro, porém, que isso é apenas a superfície das relações que o filme pretende estabelecer. Leia mais