O hiato de nove anos entre O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007), derradeiro filme da trilogia original, e este Jason Bourne (2016) foi preenchido por mudanças estruturais na organização geopolítica. Se Jason Bourne (Matt Damon) era o espião possível do pós 11/09 agora ele procura encontrar um lugar em um mundo pós Snowden e WikiLeaks. Vigilância e proteção de informações, subtemas caros ao cinema de espionagem, ganham novas dimensões. Não é mais a falta de memória e a busca pela própria identidade que movem o personagem. É a busca pela verdade em sua história pessoal, que se traduz como metáfora nas mentiras que movem o mundo. Leia mais
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O que há por trás de uma imagem? A postura mais cínica fica entre o nada absoluto e uma sucessão infinita de outras imagens. A menos, em contrapartida, considera a possibilidade de que por trás de uma imagem está a própria vida. Ou ao menos uma fatia dela. Life: Um Retrato de James Dean (Life, 2016) é antes de tudo um líbelo pela segunda opção. A busca de Dennis Stock (Robert Pattinson) não é pela fama impulsionada pelo apelo de um prestes-a-ser-descoberto James Dean (Dane DeHaan), mas sim por conseguir apreender através de suas lentes algo da eletricidade que ele sentia naquele momento e que de alguma forma estava representada no jovem ator. Leia mais
O título A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan, 2016) é absolutamente adequado para este filme e se justifica já na primeira cena em que nos encontramos com o personagem criado por Edgar Rice Burroughs. Tarzan (Alexander Skarsgård), ali, é John Clayton, o Lorde de Graystoke em um esforço para se sentir civilizado entre os homens que lhe pedem que volte ao Congo onde foi criado entre os animais. Diante de suas negativas – que passam pela reafirmação de sua identidade europeia – George Washington Williams (Samuel L. Jackson) se levanta e resume todo o estereótipo do Rei das Selvas conhecido em poucas frases. Ou seja, lhe impõe sua lenda e reafirma seu status cultural dentro e fora da trama. Leia mais
A sequência de abertura de Dois Caras Legais (The Nice Guys, 2016) deixa clara quais as temáticas que interessam Shane Black, diretor e co-roteirista ao lado de Anthony Bagarozzi. Um garoto pega uma edição da Playboy debaixo da cama dos pais que estão dormindo. Ao andar pela casa escapa por pouco de um carro que atravessa as paredes rumo ao quintal. Lá, agonizante e nua, está a modelo que estampa a capa da revista, ao lado do carro capotado prestes a pegar fogo. A cena colide inocência infantil, sexo e violência, a combinação de ouro do cinema hollywoodiano desde sempre. Leia mais
Paul Feig riu por último ao fazer com que a maior piada de Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) seja o ódio descerebrado criado pelo simples fato do filme ser uma refilmagem de um cânone nerd com mulheres. É um movimento brilhante por dois aspectos: a certeza de que haveria revolta suficiente para que as piadas façam sentido e a tranquilidade de poder tirar sarro de quem já disse que não iria ver o filme, logo impactando pouco nas bilheterias. Partindo desta liberdade o diretor, junto da co-roteirista Katie Dippold, puderam ir além da nostalgia, criando uma obra sobre 2016 para 2016. Leia mais
Há um filme em algum lugar de Julieta (2016), mas não nas imagens que Pedro Almodóvar usa para contar a história da personagem-título. Assim como para a própria Julieta (Adriana Ugarte e Emma Suárez), que passa boa parte da vida em estado de torpor, recuperando-se dos traumas que passou, à obra falta vida. Mesmo as cores vibrantes, marca visual do diretor espanhol, só aparecem aqui e ali, mais como assinatura estilística do que como reflexo da explosão de sentidos das personagens. É indício de que há uma intencionalidade na contenção estético-narrativa, ainda que ser proposital não seja critério de redenção. Leia mais
O texto é longo e cheio de spoilers.
Depois de dois anos em que as tramas de Game of Thrones sofreram uma franca expansão, fragmentando radicalmente a narrativa, tornando cada episódio uma colagem de passagens curtas de cada núcleo, The Winds of Winter finalmente indica convergência. Serão basicamente três pontos de atenção central de agora em diante: Daenerys Targeryan, Jon Snow e Cersei Lannister (Emilia Clarke, Kit Harrington e Lena Headey), com outros arcos menores orbitando ao redor. É provável que, dessa forma, a próxima temporada seja mais profunda no desenvolvimento dramático e de ação. Leia mais
Texto cheio de spoilers. Como todos os outros deste site.
É incrível que um episódio tão raso quanto No One seja seguido por Battle of the Bastards, seguramente um dos mais interessantes de toda Game of Thrones. Há, claro, questões orçamentárias e narrativas a serem pesadas. Nem todos os episódios podem ser tão caros e empolgantes sob pena de falência e hiper-estímulo dos fãs. Mas, em uma última consideração sobre o oitavo episódio antes de mergulharmos nas batalhas por Meereen e Winterfell, precisava ser tão ruim assim? Leia mais
Spoilers para todos os lados.
No One é, de longe, o mais anticlimático dos capítulos desta temporada de Game of Thrones. Talvez de toda a série. Há um curioso contraste entre os dois últimos, rápidos e cheios de revelações e reviravoltas, e este. O episódio não apenas foi modorrento: se recusou terminantemente a demonstrar qualquer cena que satisfizesse o espectador, seja visualmente através de uma batalha ou sequência de luta, seja narrativamente, por um diálogo que iluminasse alguma característica dos personagens. Leia mais
Texto recheado de spoilers. Estejam avisados.
O que em Blood of My Blood era uma suave quebra de ritmo, com a narrativa sobre um dos personagens sendo retomada mais adiante no episódio pela primeira vez em muito tempo, em The Broken Man se tornou a tônica. Parte da nova dinâmica se dá logo de cara, com uma cena antes da sequência de abertura. Algo raro, ainda que não inédito em Game of Thrones. O artifício é pela óbvia necessidade de acelerar o andamento das cenas, que deverá culminar em uma grande batalha em algum ponto dos próximos capítulos. Leia mais