Paul Feig riu por último ao fazer com que a maior piada de Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) seja o ódio descerebrado criado pelo simples fato do filme ser uma refilmagem de um cânone nerd com mulheres. É um movimento brilhante por dois aspectos: a certeza de que haveria revolta suficiente para que as piadas façam sentido e a tranquilidade de poder tirar sarro de quem já disse que não iria ver o filme, logo impactando pouco nas bilheterias. Partindo desta liberdade o diretor, junto da co-roteirista Katie Dippold, puderam ir além da nostalgia, criando uma obra sobre 2016 para 2016. Leia mais
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O evento definidor do século XXI para a cultura norte-americana foi o atendado terrorista às Torres Gêmeas. O primeiro impacto cultural chegou já ao final daquela mesma semana quando Zoolander (2001) afundou nas bilheterias. Não havia clima para assistir a uma comédia, ainda mais uma que exigia a compreensão de que o humor vinha da construção do estereótipo e não do estereótipo em si. Ao longo dos últimos 15 anos, porém, a cultura hipster de consumo irônico transformou Zoolander em um clássico cult, viabilizando uma continuação. Mal sabiam os fãs que eles se tornariam o principal alvo da sequência que tanto almejaram. Leia mais
Em uma genial tira em quadrinhos, Bill Waterson, através de seu Calvin, definiu o amor como uma “série de reações físico-químicas que têm como função a perpetuação da espécie” (cito de cabeça). O que parece fazer sentido, já que é o amor que forma famílias e leva à procriação. Exceto quando não faz. O que é bastante comum, na verdade. Há uma série de questões no amor que não respondem à biologia. É um problema de outra ordem. E é desse tipo de problema que é feito o belo “Ela”, mais novo filme de Spike Jonze.
Vivemos a era da insatisfação. Crescemos convictos de que merecemos mais, somos especiais, destinados a grandes feitos e realizações. E tanto o cinema hollywoodiano quanto nossas mães são igualmente culpados nisso. Mas a maioria de nós acaba em empregos mundanos, levando vidas ordinárias. É simplesmente impossível que todos sejamos astronautas, pilotos de corrida ou fotógrafos da “National Geografic”.
Kristen Wiig, depois do sucesso de “Missão Madrinha de Casamento”, aproveitou para desenrolar “Minha Vida Dava um Filme”, projeto pelo qual era apaixonada. Mas, diferente da comédia escrachada, para adultos, do primeiro, este aqui tem um ar de filme independente americano. Daqueles em que os personagens são disfuncionais e adoráveis e que acabam aprendendo sobre si mesmos ao longo de sua trajetória. Pena que não consiga ir além de emular parte desse universo. Leia mais