O trunfo de Ang Lee em O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005) foi retratar um romance homossexual dentro de boa parte dos parâmeros nos quais uma história de amor proibido hétero seria filmada. Seu pecado foi transformar o melodrama em tragédia, matando um dos dois personagens centrais. O “desvio” é punido e a ordem restabelecida. Carol (2015), de Todd Haynes, parte da mesma premissa, mas avança ao contar uma história cujo drama central está na problematização do estigma social do relacionamento homoafetivo. Leia mais
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Há um momento em que os grandes estúdios chegam a um ponto de saturação em relação a um gênero, permitindo que cineastas autorais tomem as rédeas e o pervertam. Aconteceu com o cinema de vampiro, que alcançou esse ponto em “Crepúsculo”, sendo retrabalhado depois com Jim Jarmush e seu belo e poético “Amantes Eternos”. Com os épicos de fantasia que dominaram os cinemas nos últimos anos aconteceu o mesmo. Depois de vários títulos, como “Branca de Neve e o Caçador”, “Alice no País das Maravilhas” ou mesmo “A Garota da Capa Vermelha”, pensava-se que o ponto de virada viria com este “Peter Pan”, dirigido por Joe Wright. Mas ainda não foi desta vez. Leia mais
Quando uma coisa é maquiada para parecer melhor em uma vistoria, aqui no Brasil, falamos que é “para inglês ver”. O que transforma Trash: A Esperança Vem do Lixo em uma espécie de piada pronta conceitual, já que dois ingleses, Stephen Daldry e Richard Curtis, diretor e roteirista respectivamente, resolveram fazer um comentário (superficial) sobre a miséria e a política brasileiras.
Em uma genial tira em quadrinhos, Bill Waterson, através de seu Calvin, definiu o amor como uma “série de reações físico-químicas que têm como função a perpetuação da espécie” (cito de cabeça). O que parece fazer sentido, já que é o amor que forma famílias e leva à procriação. Exceto quando não faz. O que é bastante comum, na verdade. Há uma série de questões no amor que não respondem à biologia. É um problema de outra ordem. E é desse tipo de problema que é feito o belo “Ela”, mais novo filme de Spike Jonze.