A cena inicial de Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016) procura redimir a principal ressalva dos críticos sobre O Homem de Aço (Man of Steel, 2013). Depois de um preâmbulo com a dupla função de recontar a origem e estabelecer o estado mental de Bruce Wayne (Ben Affleck), o vemos chegando em Metropolis para testemunhar a destruição causada pela luta entre Superman e General Zod (Henry Cavill e Michael Shannon). O poder destrutivo dos kriptonianos e o horror de uma batalha tão violenta, aliado ao estado paranoico e psicótico do Homem-Morcego, criam a raiz do conflito central do filme. Se o poder corrompe, Batman pensa, o poder absoluto corrompe absolutamente. Leia mais
Arquivomarço 2016
A sintonia histórica com que House of Cards (2013 – ), a sátira política da Netflix, opera, dedicando esta quarta temporada às eleições, é impressionante. Este é ano eleitoral nos EUA, processo democrático que mais influencia os demais países fora de suas próprias eleições, quando existem. A ficção, porém, não chega a dar conta do absurdo da realidade (como seria possível prever Donald Trump? Bernie Sanders?). A trama mira no que havia de mais certo, usando o relacionamento entre Claire e Frank Underwood (Robin Wright e Kevin Spacey) como metáfora para a ascensão do casal Clinton, sedimentada na campanha de Hillary, no que acerta na mosca. Leia mais
O evento definidor do século XXI para a cultura norte-americana foi o atendado terrorista às Torres Gêmeas. O primeiro impacto cultural chegou já ao final daquela mesma semana quando Zoolander (2001) afundou nas bilheterias. Não havia clima para assistir a uma comédia, ainda mais uma que exigia a compreensão de que o humor vinha da construção do estereótipo e não do estereótipo em si. Ao longo dos últimos 15 anos, porém, a cultura hipster de consumo irônico transformou Zoolander em um clássico cult, viabilizando uma continuação. Mal sabiam os fãs que eles se tornariam o principal alvo da sequência que tanto almejaram. Leia mais
A mensagem que Little Boy – Além do Impossível (Little Boy, 2015) quer passar envolve a quebra do ciclo de ódio histórico com uma mensagem de amor cristão e tolerância. A fé move montanhas, literalmente. Mas um exame mais aprofundado reforça o velho adágio: “de boas intenções o inferno está cheio”. A lição final do filme é de que a violência compensa desde que dirigida àqueles que praticam o mal. Leia mais
Como muitos dos títulos lançados recentemente por Hollywood, Um Homem Entre Gigantes (Concussion, 2015) procura discutir o que significa ser estadunidense. O foco vem da colisão de dois universos distintos e tipicamente americanos: o imigrante dedicado e a grande corporação desumanizada, o que se traduz no ideal americano – a terra da oportunidade, onde um homem é medido pela sua habilidade e força de vontade – em confronto com a América real – o lugar onde o dinheiro manda. Leia mais
Talvez este início de 2016, impregnado de expectativa com os vários grandes lançamentos de adaptações dos quadrinhos, tivesse sido o momento ideal para a Warner lançar Watchmen: O Filme (Watchmen, 2007), adaptação da revolucionária novela gráfica de Alan Moore. A relação metalinguística que a versão impressa estabeleceu com a lógica das histórias de heróis não se traduziu bem em um contexto que ainda estava para ver a explosão de inúmeros filmes baseados na nona arte – o primeiro Homem de Ferro (Iron Man), que inaugura a sequência de sucessos da Marvel, só estrearia no ano seguinte. Agora a coisa mudou um pouco. O cinema se alimenta de adultos hipertrofiados usando couro apertado e surrando caras maus. É deste contexto cultural que Deadpool (2016) se aproveita. E se ele não é o herói que precisamos, talvez seja o que merecemos. Leia mais